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sábado, 7 de agosto de 2010

FHC acabou com a chance de um porra-louca vencer eleições


Aqui e ali, li que o debate da Band foi chato porque todos falaram mais ou menos a mesma coisa etc e tal; por isso, disseram, Plínio teria ajudado a sacudir a pasmaceira. Olhem: eu avalio que faltou, sim, POLÍTICA ao embate. Os candidatos optaram por uma abordagem mais administrativa e gerencial, talvez em excesso. Mas atenção! Essa suposta “chatice” é um dado positivo. Debates animados eram aqueles do tempo em que Lula, com ar enfezado, ia à televisão defender o socialismo, o calote na dívida, o fim do Plano Real, a punição para aqueles que fizeram o Proer, o fim da Lei de Responsabilidade Fiscal — aquela baboseira toda que já constituiu o discurso do PT e que hoje é vocalizado por Plínio de Arruda Sampaio.

O fato de Serra, Dilma e Marina falarem muitas coisas parecidas é uma boa notícia — porque, afinal de contas, já superamos a fase do candidato que ia à TV para declarar que, se vencesse, iria virar a mesa. Eleição ruim, desastrosa, foi a de 1989. Se Lula tivesse vencido, teria levado o Brasil à breca. Se Brizola tivesse vencido, teria levado o Brasil à breca. Como o vitorioso foi Collor, então o Brasil foi à breca. Entenderam? Mas os debates eram quentíssimos, do tipo que deixaria acordados alguns analistas que cochilaram anteontem e que depois escreveram os comentários com os joelhos ou com o copo, sei lá eu.

Debate chato é um bom sinal. Esta foi a grande conquista do governo Fernando Henrique Cardoso: não há mais espaço para porras-loucas na política. O da vez é um velhinho de 80 anos, que diz mais irresponsabilidades do que algum sectário de 17, mas que não consegue nem mesmo pontuar na pesquisa — embora se diga representantes dos “movimentos sociais”. De quais, cara pálida? Que “movimentos” são esses que não conseguem tirá-lo do traço? O governo FHC, que conquistou a estabilidade da economia, que conseguiu pôr fim à inflação crônica, coisa de que o povo gostou, estreitou o espaço dos aventureiros.

O GOVERNO FHC, EM SUMA, CIVILIZOU UM TANTO O PT, QUE FOI OBRIGADO A ADERIR À CARTILHA DO ADVERSÁRIO E FAZER UM GOVERNO DE CONTINUIDADE.

Quem quiser emoção em política que migre para o Iraque, o Irã ou o Afeganistão.

Tudo igual?
Isso quer dizer, então, que todos os candidatos são mesmo iguais, exceção feita a Plínio? Ora, é claro que não. O PT tem uma visão autoritária da política e ainda não desistiu de se constituir, para todos os feitos, como o Partido Único, transformando a democracia num ritual apenas homologatório. Sonha juntar racionalidade econômica com ditadura. Mas não vai confessá-lo, é óbvio. O discurso de Marina é uma colcha de patchwork do onguismo. Na política, o discurso de Serra é o mais adaptado àquilo que o Ocidente conhece por democracia. E seria, sim, conveniente que essas diferenças ficassem mais claras.

Não obstante isso, a tal “chatice” de algumas respostas consensuais em matéria de economia é, à diferença do que dizem os tolos, um bom sinal. Lula já falou as bobagens que Plínio diz hoje, e havia o risco efetivo de que ganhasse a eleição. Aquele era um período perigosamente… emocionante!


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