"Desfrute da viagem da vida. Você só tem uma oportunidade, tire dela o maior proveito."

sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

FELIZ 2011

SAÚDE E PAZ!


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FOLHA.COM - DE BRASÍLIA

Em entrevista à TV Brasil, na noite desta quarta-feira (29), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que o ex-ministro José Dirceu (Casa Civil) é um dos políticos mais competentes do país. Dirceu deixou o governo em 2005 por suposto envolvimento no escândalo do mensalão e teve seu mandato de deputado federal cassado por causa do episódio.

"Dirceu é um dos políticos mais competentes que o Brasil tem. Tem pouca gente com a competência de formação política que ele tem. O erro foi trazer para a Casa Civil todas as tensões políticas da República", disse.
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Sobre o mensalão, Lula disse que quer dar uma olhada "com mais carinho" no caso ao deixar o governo e ver o que aconteceu de fato. "O cidadão que acusou [deputado federal cassado Roberto Jefferson (PTB-RJ) foi cassado porque não provou a acusação. Se eu não provo a acusação, porque a acusação vai ser considerada? (...) Se tudo é verdade, não sei. Se tudo é mentira, não sei. Quero conversar muito e ler muito sobre o que aconteceu, conversar com as pessoas", afirmou o presidente.


quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Em dezembro, governo compromete R$ 215 milhões por dia com o PAC

Contas Abertas - Por Milton Júnior

Os recursos desembolsados este ano com o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), dentro do Orçamento Geral da União, já são R$ 2,4 bilhões (14%) superiores ao montante aplicado em todo o ano passado.

Apenas no mês de dezembro, até o dia 28, o governo federal pagou R$ 895,2 milhões e reservou em orçamento outros R$ 4,3 bilhões para as obras de infraestrutura no país. A quantia empenhada em dezembro, que vai garantir recursos para as obras no futuro, é três vezes o valor comprometido no mês anterior.

Isto quer dizer que, durante este mês, a administração federal emitiu empenhos de aproximadamente R$ 215,6 milhões para o PAC a cada dia útil. Para se ter uma idéia da dimensão dos recursos envolvidos, vale lembrar que em novembro, o valor médio diário de empenhos emitidos pelo governo foi de R$ 69,9 milhões. Somente no mês de maio a relação de empenho ao dia foi maior que em dezembro. Naquele mês, véspera da campanha eleitoral, mais de R$ 235 milhões foram reservados em cada dia útil.

Mas apesar da notável evolução dos gastos, bem como dos compromissos orçamentários, até o dia 28 de dezembro, o PAC só havia desembolsado 63% dos recursos previstos em orçamento para 2010. Dos R$ 32,3 bilhões que integram o pacote econômico este ano, foram gastos R$ 20,4 bilhões. Desta forma, se considerada a execução linear, o governo federal conseguirá alcançar até o dia 31 deste mês menos de patamar de 70% de execução. Já o volume de recursos reservados em orçamento para obras e aquisição de bens em 2010 chega a 90% dos recursos previstos para o ano, atingindo o montante de R$ 29 bilhões.

Em 2009, os empenhos chegaram a pouco mais de R$ 27 bilhões, o que correspondeu a 95% dos recursos programados para o ano. Já os valores desembolsados ficaram em 63%, ou R$ 17,9 bilhões de recursos. Apenas no mês de dezembro do ano passado, foram empenhados R$ 8,4 bilhões, 31% do total de recursos reservados no exercício.

PAC chega a 59% do previsto

Desde o lançamento do programa de investimentos no início de 2007, pouco mais de R$ 57 bilhões já foram desembolsados pelo governo federal com as obras do PAC até o dia 28 deste mês, incluindo os restos a pagar (dívidas de anos anteriores pagas em exercícios seguintes). A soma da verba autorizada nos orçamentos dos últimos quatro anos é de R$ 96,3 bilhões, em valores correntes. Com isso, até agora foram executados menos de 60% dos recursos previstos para os projetos e atividades do PAC tocados pelo governo federal. Para o próximo ano, estima-se que o programa conte com um valor inicial de pelo menos R$ 40 bilhões.

É importante ressaltar que os valores citados referem-se apenas ao PAC Orçamentário, ou seja, aquele cujas obras podem ser acompanhadas no Orçamento Geral da União por meio do Siafi (Sistema Integrado de Administração Financeira). Os investimentos privados e das empresas estatais não são contabilizados no sistema de receitas e despesas da União.


Ciro Gomes dá “adeus” à política. Por ora

Mesmo depois de recusar convite para ser ministro da Integração de Dilma Rousseff, num imbróglio que rachou a cúpula do PSB na negociação com a transição, Ciro Gomes anda de bem com a vida. Diz a amigos que estuda convites para o setor privado, que paga bem, muito bem. Ele já descansa com a família em Fortaleza. A próximos, fala que deseja viver bem a nova fase, mas não tão longe da política. Apesar de aliado da presidente eleita, Ciro não deve ir à posse em Brasília no sábado. Outro assunto que provoca um sorriso é Harvard, onde estudou e onde se refugia quando quer estudar cenários latino-americanos.


Indicado à Eletrobrás figurou em grampo da PF


Citado como provável presidente da estatal Eletrobrás, o engenheiro Flavio Decat teve seu nome envolvido, em 2009, em investigação da Polícia Federal. Numa gravação, o empresário Fernando Sarney pede ao pai, senador José Sarney, para acomodar na Eletrobrás o amigo Decat, que foi presidente da Eletronuclear. Três meses depois ele virou diretor de Distribuição da estatal, onde permaneceu até abril deste ano.

Chamado

No telefonema ao pai, Fernando Sarney lembrou “daquele amigo lá do Rio” que esperava um “chamado”. Sarney marcou reunião no Senado.

Ataque

Fernando Sarney também contou ao pai, em outro telefonema, que iria “atacar” apadrinhados, para liberar verbas a entidades ligadas à família.

Troca ruim

Haverá reação: Flávio Decat substituiria na Eletrobrás a José Antonio Muniz, um dos executivos mais admirados e íntegros do setor elétrico.

PMDB não abre mão de Novais no Turismo

Responsável pela indicação do deputado Pedro Novais (MA) para o cargo de ministro do Turismo, a cúpula do PMDB não abre mão da escolha, mesmo depois da revelação de que ele usou dinheiro público para pagar despesas de motel. Para o líder do PMDB, Henrique Eduardo Alves (RN), “o caso está encerrado”, depois que Novais se explicou, verificou que houve “um engano” e devolveu o dinheiro.

‘Desprestígio’

O PMDB avalia que o “desconvite” a Pedro Novais representaria grave desprestígio ao partido. Pelo visto, motel com dinheiro público, não.



Empresa paga o aluguel Lulinha: R$ 12 mil mensais

Por Josias de Souza 
Fábio Luís Lula da Silva, o Lulinha, desperta nas pessoas que o rodeiam o mais nobre dos sentimentos.

O primeiro-filho ateia na alma de seus semelhantes a chama da generosidade. Uma bondade inaudita.

Já se sabia que a Gamecorp, empresa Lulinha, tornou-se uma espécie de ímã de atração de benfeitore$.

Descobre-se agora que, também no ambiente doméstico, o primogênito de Lulão usufrui de gestos de rara prodigalidade.

Lulinha protege-se do sereno, desde 2007, num apartamento assentado nos Jardins, um dos mais elegantes bairros da capital paulista.

Alugado, o imóvel custa R$ 12 mil por mês. O dinheiro sai da caixa registradora de uma empresa: o Grupo Gol, que tem entre seus clientes o governo federal.

A firma pertence a Jonas Suassuna, primo do ex-senador Ney Suassuna (PMDB-PB). Fez fortuna com a venda de CDs nos quais a voz de Cid Moreira recita a Bíblia.

Ouvido, Jonas disse que não vai mais pagar o aluguel do filho do presidente da República, agora quase ex-presidente.

Procurado, Lulinha tentou explicar-se. Disse que foi morar no Éden –ou nos Jardins—depois que se separou da mulher:

"Ele [Jonas] arcava com o aluguel e eu entrei com os móveis da minha antiga residência e assumi as despesas do apartamento...”

“...Há quatro meses pedi para ficar com todo o apartamento, pois me tornei pai, e estamos transferindo o contrato para meu nome".

Filho do dono do imóvel, o advogado Vladmir Silveira desconhece o pedido. Em verdade, nem sabia Lulinha era inquilino do imóvel.

"Quem alugou foi o Grupo Gol. O Jonas assina como proprietário [da empresa] e fiador, na [pessoa] física", disse.

Para o resto da humanidade, o leite da bondade humana azedou faz tempo. Para Lulinha, o azedo tem gosto de mel.


quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Apenas 26% do total previsto no Orçamento para 2010 foram executados

O Globo - Por Regina Alvarez

BRASÍLIA - Poucos dias antes de acabar o ano, a execução dos investimentos da União está muito aquém do montante previsto no Orçamento de 2010. Levantamento realizado no Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi) pelo site Contas Abertas, a pedido do GLOBO, mostra que até 25 de dezembro foram executados apenas 26% do total de investimentos aprovados pelo Congresso para o ano. Com os restos a pagar - despesas de anos anteriores liquidadas este ano -, a execução dos investimentos chega a 58,6%. Entre os ministérios com execução mais baixa, na faixa de 20%, estão Esporte e Turismo, responsáveis por obras e projetos da Copa de 2014 e das Olimpíadas de 2016.

Do total de R$ 69,5 bilhões de investimentos aprovados para 2010, só R$ 18,4 bilhões foram efetivamente concluídos e pagos até o dia 25. Com os R$ 22,3 bilhões de despesas contratadas em anos anteriores e pagas em 2010, chega-se a R$ 40,7 bilhões (ou 58,6% do total). Nesse valor estão computados os investimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

Embora tenha elevado nos últimos anos a parcela de recursos destinada a investimentos e livrado do contingenciamento as obras do PAC, o governo tem dificuldades para executar essas despesas. A cada ano, amplia o volume de investimentos contratados (mas não pagos), cuja execução é transferida para o ano seguinte, os chamados "restos a pagar".

De Roosevelt@edu para Lula@gov

O Globo - Política - Por Elio Gaspari, 

Caro Lula, 

Há oito anos, quando o senhor foi eleito presidente do Brasil, eu lhe mandei uma mensagem torcendo pelo seu sucesso e lembrando-lhe a essência do meu êxito.

Governei os Estados Unidos de 1933 a 1945, ganhei a maior guerra de nossa história, mas de Franklin Roosevelt ficou a lembrança de um presidente que mudou a vida do seu povo, criando uma América onde ninguém ficasse de fora.

O mundo aprendeu que, ou haveria capitalismo para todos, ou não haveria para ninguém. O senhor fez o mesmo no Brasil.

Para quem dizia que seu país era uma Belíndia, o senhor tirou da Índia brasileira o equivalente à população de toda uma Bélgica. Entre 2003 e 2009, o número de pobres passou de 30,4 milhões para 17 milhões. O desemprego caiu a níveis históricos e, pela primeira vez em muitos anos, a maioria dos trabalhadores está no mercado formal. O crédito chegou a casas onde a pobreza era um estigma financeiro. Os plutocratas do seu país compreenderam que o acesso dos pobres aos instrumentos da capitalismo é a gara
ntia de sua longevidade.

De tudo o que o senhor conseguiu, o que mais me comove é o resultado desse programa chamado ProUni, que coloca nas universidas jovens de famílias pobres com bom desempenho escolar. Eu fiz coisa parecida, abrindo o ensino superior para os soldados que voltavam da guerra. Em cinco anos, o seu programa atendeu 540 mil jovens. O meu matriculou 2,2 milhões entre 1944 e 1949.

Inicialmente, pensávamos apenas em proteger os veteranos da guerra. Trinta anos depois, verificou-se que a GI Bill foi um dos fatores determinantes para o surgimento de uma nova classe média. Quando o Juscelino Kubitschek me contou que a oposição foi à Suprema Corte para destruir seu programa, percebi que o Padre Eterno fez pelo senhor o que fez por mim: presenteou-nos com uma oposição que assegura nosso lugar na História.

Antes de lhe escrever, jantei com Getúlio Vargas, JK e Ernesto Geisel. Em graus variáveis, os três torciam pelo seu sucesso. Getúlio e JK invejaram sua capacidade de sobreviver ao mandato e eleger a sucessora. Já o Geisel teme que esse sucesso traga um risco. Com a experiência de quem foi escolhido pelo antecessor (um general introvertido chamado Médici) e escolheu o sucessor (outro general, não sei se Figueiredo é o nome dele ou do cavalo que monta), pede que lhe avise: cuidado com a turma da copa e cozinha. É de lá que saem as intrigas. Um deles brigou por causa de uma irrelevância na previdência do Rio Grande do Sul.

Parte de seu sucesso o senhor deve ao professor Cardoso. Não faz mal à sua biografia negar-lhe o crédito. Estive com Ruth, mulher dele, mas não posso contar o que ela me disse a respeito da ultima campanha eleitoral brasileira.

Senhor Silva, repito o que escrevi em 2002. Pouco temos em comum, eu sou de Harvard e de uma família que já havia dado aos Estados Unidos um presidente (que por pouco não morreu na floresta brasileira). O senhor veio de lugar nenhum. Dizem que fui o traidor da minha classe. Felicito-o por não ter traído a sua.
Despeço-me registrando que a admiração de Eleanor, minha mulher, pelo senhor é muito maior que a minha.

Parabéns,

Franklin Roosevelt.


terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Ganho com poupança é menor no governo Lula que no governo FHC


RIO - Balanço da consultoria Economática aponta que a rentabilidade de quem decidiu aplicar na poupança nos dois mandatos de Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010) foi menos que a metade daquela de quem era poupador no governo de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002). O ganho real (descontada a inflação medida pelo IPCA) que o poupador obteve no governo FH foi de 58,8% contra 21,6% no governo Lula. A rentabilidade nominal acumulada do poupador no governo FH foi de 218,6% contra 89,4% do governo Lula.

O cálculo da rentabilidade no governo de Lula não considera a inflação do mês de dezembro, que deverá ser informada no início do próximo mês e que deve levar o ganho real do poupador a nível ainda inferior aos 21,6%. A inflação avançou 100% no governo FH, enquanto que nos oito anos do governo Lula, ela subiu 55,7%, segundo a Economática. Uma das explicações pode estar na queda na taxa básica de juros (Selic), que chegou a 45% ao ano, em março de 1999, e que atualmente está em 10,75% ao ano. Quando a Taxa Selic é menor, ela torna mais atrativo o investimento em renda variável, por exemplo. Pelo contrário, quando está elevada, aplicações em renda fixa costumam ser mais rentáveis.

A consultoria verificou ainda que no ano de 2010 o poupador terá pelo segundo ano consecutivo a menor taxa já paga, com 6,90%. Antes disso, a menor tinha sido em 2009 quando o poupador obteve ganho de 7,05%. Entre as cinco rentabilidades mais baixas do período analisado na ordem são 2010, 2009, 2007, 2008 e 2004.

A rentabilidade no ano de 2010 ajustada pela inflação medida pelo IPCA até o mês de novembro é de 1,57% sendo que o menor ganho ajustado pelo IPCA no período foi no ano de 2002 quando o poupador perdeu -2,90 % do seu poder aquisitivo.


Não, obrigada

"Não faz sentido agradecer a um governante pelo respeito às regras democráticas." 

O Globo - Por Miriam Leitão

Não faz sentido agradecer a um governante pelo respeito às regras democráticas. É obrigação. Portanto, não estou entre os que exaltam o presidente Lula pelo fato de ele não ter tentado permanecer. Até ele vê assim. "Se você pede o terceiro mandato, quer o quarto, se pode pedir o quarto e por que não o quinto? Aí você está criando uma ditadurazinha", disse ontem Lula aos jornalistas.

Houve artigos nesses dias de balanço que ressaltaram, como um dos grandes méritos do presidente Lula, o de ter respeitado as regras democráticas e de não ter pleiteado um terceiro mandato. Como se tivesse dependido unicamente de sua vontade. Teria que ser feita uma emenda à constituição e isso, certamente, detonaria uma reação forte da sociedade.

O Brasil não é a Venezuela. Passamos por caminhos diferentes. Com todos os defeitos que tem o sistema político brasileiro, a democracia aqui foi uma dolorosa conquista. Minha convicção é que mesmo sendo um governante popular, ao fim do mandato, Lula poderia ter sido derrotado em sua tentativa de mais um mandato.

Uma reeleição é comum em inúmeras democracias, um terceiro mandato já é um continuísmo intolerável. O presidente Hugo Chávez manipulou as instituições e minou a democracia, por isso tem conseguido a reeleição perpétua, a "ditadurazinha".

Outro mérito de Lula teria sido o de ter mantido a política econômica do governo anterior. Foi de fato importante: para o país, para a estabilidade econômica, mas principalmente para ele mesmo. Dificilmente Lula teria conseguido mais um mandato em 2006 se a inflação tivesse voltado a subir. Se o escândalo do Mensalão tivesse encontrado o país com patamares altos de inflação, certamente a história teria sido outra.

As tentativas de confundir o que foi o caso de corrupção foram tantas, que é preciso lembrar. O Mensalão não foi o único escândalo no governo do partido que, durante 20 anos, se apresentou como sendo o guardião da ética na política, mas sem dúvida foi o pior. A corrupção foi confirmada na CPI, na investigação do Ministério Público, no voto do ministro Joaquim Barbosa e na aceitação do voto pelo plenário do Supremo Tribunal Federal.

Dinheiro sem origem comprovada era distribuído a deputados da base governamental, num esquema alimentado por um publicitário que prestava serviços ao governo, e o denunciante foi um deputado da base parlamentar. Até o publicitário da campanha de Lula em 2002, Duda Mendonça, admitiu no Congresso ter recebido em dinheiro vivo ou em contas no exterior. Lula se debate contra os fatos mudando as versões há cinco anos. Primeiro, disse que foi um fato banal. Depois, se disse traído. Distanciou-se do PT. Mais recentemente, alegou que foi uma tentativa de golpe da oposição, e depois, que foi um caso de erro da imprensa como o da Escola Base.

A verdade é que foi um caso espantosamente grave de corrupção. Se ele tivesse explodido no meio de uma economia desorganizada pela volta da inflação, certamente, Lula não teria tido condições políticas de conquistar mais um mandato.


"FHC tem razão ao dizer que foi ele, e não Lula, quem mudou o Brasil"

NA CBN

Por Lucia Hippolito


Por dentro da política





Filhos de Lula são sócios em 2 holdings

Ao final de oito anos de mandato do pai, Lulinha e Luís Cláudio figuram como sócios em seis empresas.

POR JOSÉ ERNESTO CREDENDIO - DE BRASÍLIA
POR ANDREZA MATAIS - EM SÃO PAULO

Dois dos filhos do presidente Lula, Fábio Luís e Luís Cláudio, abriram em 16 de agosto deste ano duas holdings --sociedades criadas para administrar grupos de empresas--, a LLCS Participações e a LLF Participações.

Ao final de oito anos de mandato do pai, Lulinha e Luís Cláudio figuram como sócios em seis empresas.

A Folha constatou, porém, que apenas uma delas, a Gamecorp, tem sede própria e corpo de funcionários.

Seu faturamento em 2009 foi de R$ 11,8 milhões, e seu capital registrado é de R$ 5,2 milhões. Ela tem como sócia a empresa de telefonia Oi, que controla 35%.

As demais cinco empresas não funcionam nos endereços informados pelos filhos de Lula à Junta Comercial de São Paulo. São, por assim dizer, empreendimentos que ainda não saíram do papel.

As seis empresas dos filhos de Lula atuam ou se preparam para atuar nos ramos de entretenimento, tecnologia da informação e promoção de eventos esportivos.

São segmentos em alta na economia, que ganharam impulso do governo federal --Lula, por exemplo, foi padrinho das candidaturas vitoriosas do Brasil para organizar a Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada de 2016.

SÓCIOS

Na maioria desses negócios, Lulinha e Luís Cláudio têm como sócios pessoas próximas de Lula.

Um dos mais novos empreendimentos da dupla, a holding LLCS, por exemplo, foi registrada no endereço da empresa Bilmaker 600, na qual os dois não têm participação societária.

A Bilmaker tem como controlador o engenheiro Glaucos da Costamarques, 70, que é primo do pecuarista José Carlos Bumlai, amigo do presidente Lula.

Os outros sócios da Bilmaker, Otavio Ramos e Fabio Tsukamoto, são sócios de Luís Cláudio, filho do presidente, na ZLT 500, empresa de produção e promoção de eventos esportivos.

Assim como a holding, a ZLT também só existe no papel. Está registrada num endereço no Morumbi onde há só uma casa abandonada.

Criada em julho, a ZLT tem ainda como sócio José Antonio Fragoas Zuffo, empresário da região do ABC.

Sócio na Bilmaker e na ZLT, Otávio Ramos disse à Folha que não sabia que os filhos de Lula haviam registrado uma empresa na sede da Bilmaker.

"Isso me preocupa. Vou ligar para eles. Não sabia nem da existência dessa holding. Não sei nem do que se trata nem quero saber", disse.

Ramos afirmou que a empresa não faz negócios com o governo para não gerar especulações. "Somos amigos deles e já iriam ver maldade." A Bilmaker, disse, é uma empresa de exportação e importação de "qualquer coisa".

A outra holding criada pelos filhos de Lula neste ano, a LLF, foi registrada no prédio da PlayTV, emissora de jogos on-line.

Os programas da PlayTV só são veiculados na Sky, que distribui o canal como cortesia, e pela OiTV. A PlayTV é controlada pela Gamecorp, o maior dos empreendimentos de Lulinha.

A Folha acompanhou um dia de programação e não viu anúncios publicitários.

Inaugurada em dezembro de 2004, a Gamecorp recebeu injeção de R$ 5 milhões da telefônica Telemar (hoje Oi), num negócio investigado pela Polícia Federal há três anos --sem resultados.

Quando se soube em 2006 que a Oi, então Telemar, havia se associado à Gamecorp, o presidente Lula disse à Folha que seu filho era o "Ronaldinho" dos negócios.

"Eles fizeram um negócio que deu certo. Deu tão certo que até muita gente ficou com inveja", afirmou. No final de 2009, a empresa tinha capital negativo.

G4

Meses antes de a Gamecorp ser constituída, Fábio Luís se tornou sócio da G4 Entretenimento e Tecnologia Digital, tendo como parceiros filhos de um velho amigo de Lula, Jacó Bittar, fundador do PT e ex-prefeito de Campinas, hoje no PSB.

Foi por meio da G4 que Lulinha virou sócio de outra empresa, a BR4 Participações, criada em 2004, e que, três anos depois, ganhou como sócio Jonas Leite Filho, sobrinho do ex-senador Ney Suassuna (PMDB-PB).

Jonas Leite é conhecido pelo projeto que criou a versão da Bíblia lida pelo apresentador Cid Moreira, da TV Globo, um sucesso de vendas. A BR4 é, por sua vez, acionista da Gamecorp.

OUTRO LADO

Lulinha disse à Folha que sua evolução patrimonial nos últimos oito anos está de acordo com suas atividades profissionais e com seus ganhos.

O mesmo afirmou o seu irmão Luís Cláudio. "É público e notório: trabalho com futebol e tive o retorno compatível com a minha atividade profissional em grandes clubes do país, como São Paulo, Palmeiras, Corinthians e Santos", afirmou.

Luís Cláudio disse que a LLCS foi registrada no endereço de outra empresa porque o negócio está no início.

"Ainda estou procurando um local definitivo para a sede. Por ora, ela possui apenas um endereço de referência, que poderá se tornar definitivo caso eu consiga locar uma sala da Bilmaker, gerida por grandes amigos meus."

Com relação à outra holding inaugurada pelos dois em agosto deste ano, a LLF, Luís Cláudio disse que caberia ao irmão responder, o que não foi feito.

Sobre outra empresa criada no papel, a ZLT 500 Sports, Luís Cláudio disse que ela "irá atuar também no ramo esportivo, mais especificamente, na área de gestão de eventos esportivos".


O governo Lula foi uma festa de R$ 114 milhões


O governo do presidente Lula foi pródigo em factóides que rasparam os cofres públicos. Em quatro anos, o governo gastou R$ 114 milhões em “festas e homenagens”, segundo levantamento realizado pela ONG Contas Abertas. O governo FHC, reconheça-se, foi menos gastador: no mesmo período, torrou R$ 63,6 milhões, cerca de metade do sucessor. Relações Exteriores e Defesa foram os mais festeiros: R$ 57 milhões.


Perguntar não empacota


O que Lula e família tanto acumularam no Palácio Alvorada durante oito anos, a ponto de exigir onze caminhões para a mudança?


Top-top no adeus


Lula revelou sua maior “mágoa”: a “condenação” do governo pela tragédia da TAM em Congonhas. Pôs palavras no top-top do aspone Marco Aurélio Garcia e não explicou por que sempre se recusou a visitar o local do acidente. Poderia ter nos poupado dessa.


Ferrugem cerebral


Se “não tem mais idade para estudar” porque a Presidência “é uma pós-graduação elevada à quinta potência”, o quase ex-presidente Lula mostra que nada aprendeu. Sobre modéstia, por exemplo.


E pra eleger Dilma, que terá "O novo com cheiro de velho"...

Lula gastou por ano, com propaganda, tanto quanto dois meses de arrecadação do ICMS de um Estado como o RS

O governo Lula termina o governo endeusado por boa parte da mídia brasileira, beneficiada como nunca neste País, já que a propaganda lulo-petista consumiu R$ 17 bilhões no decorrer de oito anos. Só em publicidade foram R$ 9,2 bilhões - R$ 1,2 bilhão por ano, 15 vezes mais do que o governo gaúcho gasta por ano, incluído o Banrisul, que sozinho representa 70% de tudo. 

. A reportagem da Folha, assinada por Fernando Rodrigues, expõe gráficos de gastos em jornais, rádios, TVs e "outros", com ênfase para a Internet. Quando o governo lulo-petista começou, 182 municípios recebiam verbas de propaganda, número que foi para 2.733. 

CLIQUE AQUI para ler a reportagem e examinar os gráficos.


segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

FHC diz ter 'dificuldade' para entender o que Dilma fala

Política - do Blog do Noblat

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) afirmou ter sérias dificuldades para entender o que fala a presidente eleita, Dilma Rousseff (PT). Em entrevista ao programa Manhattan Connection, exibido no domingo, 26, à noite pelo canal de TV por assinatura GNT, FHC ironizou a petista e disse não ter "imaginação suficiente" para adivinhar o que Dilma quer dizer quando começa algum raciocínio e não o conclui.


Como Aécio, Anastasia não irá à posse de Dilma

Política - Folha.com

O governador reeleito de Minas Gerais, Antonio Anastasia (PSDB), não irá à posse da presidente eleita, Dilma Rousseff, no próximo sábado, 1º de janeiro. A posse do tucano foi marcada para a tarde em Belo Horizonte, mesmo momento em que Dilma estará sendo empossada em Brasília.


Nunca antes

Depois de escolher e eleger sua sucessora, depois de, nas barbas da Justiça e dos representantes das nações estrangeiras, assumir ostensivamente a direção da campanha de sua candidata, exercendo um poder que nem a Constituição nem as leis lhe outorgavam, de resto, inconciliável com o caráter nacional de sua investidura, depois de se autodenominar “o povo”, “a opinião pública”, o presidente da República, às escâncaras, fez as vezes do cel. Chávez. E, para não deixar dúvidas, se autoconcedeu o diploma de haver realizado o maior e melhor governo do Brasil em todos os tempos.

A verdade é que os governos acertam e erram e por muitas razões, a primeira das quais é que os governantes são homens, e estes, ainda que cheios de louváveis propósitos, não são imunes ao erro; ora, em relação ao que está vivendo seus últimos dias, pode-se dizer o mesmo. Entre acertos tanto mais dignos de nota quando seu chefe, a despeito de sua clara inteligência, não é e nunca foi um scholar e nem pretendeu sê-lo, também incorreu em falhas lamentáveis por ação e omissão. De resto, ele tinha que pagar tributo ao maldito sistema presidencial; tendo sido eleito pela maioria do eleitorado, seu partido não chegou a eleger cem deputados, quando são 513 os membros da Câmara, nem 20 senadores, quando 81 são os membros da Câmara Alta; como seu saber, da experiência feito, sua habilidade e prática sindical, não teve dificuldade em obter maioria parlamentar e crescer em poder e influência, a ponto de, como erva-de-passarinho, à custa da oposição, a ponto de desequilibrar a equação política nacional; o Executivo se agigantou e seu titular fez o que quis, interna e externamente.

Ligando-se ao Irã para mostrar seu distanciamento de Washington, foi de um primarismo a lembrar a criança que reage pondo a língua de fora, quando não faltavam maneiras adequadas para marcar as diferenças.

O do escândalo do Complexo do Alemão, um território soberano encravado no território nacional, durante oito anos não foi visto pelo governo do “nunca antes”, e só rompeu o pacto da convivência silenciosa quando o morro iniciou a guerra civil abertamente.

De janeiro a agosto do ano em curso, navios que fazem escala no Brasil, juntos, parados, tiveram de esperar 78.873 horas, ou 3.286 dias, para atracar em portos nacionais, notando-se que cada dia parado custa ao barco coisa de US$ 25 mil; esses números indicam que, comparados com os do ano anterior, o aumento foi de 16%; ainda mais, esse fenômeno levou as cinco maiores empresas de navegação a 741 cancelamentos de escala, 62% superiores aos de 2009, no mesmo período. Por sua vez, para o atraso no embarque e desembarque de mercadorias, não são isentas de responsabilidades a descoordenação entre Agência Reguladora, Polícia Federal, Receita Federal e não sei mais o quê. A título de ilustração, só no porto de Santos, 120 navios ficaram fundeados simultaneamente por falta de alguma providência de terra. São fatos de inconcussa gravidade que, direta e indiretamente, atingem magnos interesses do país e de milhares de pessoas.

Muito teria a dizer a respeito, mas me falta espaço para mostrar que a majestática declaração presidencial parece decorrer de uma explosão de megalomania festejada por uma publicidade “nunca antes vista neste país”.

A majestática declaração parece decorrer de uma explosão de megalomania.


O novo com cheiro de velho

Você pode escolher:
Que governo você quer homenagear com a charge do Sponholz?




Força critica governo após Lula dizer que manterá mínimo

Redação Terra 

A Força Sindical criticou nesta segunda-feira a fala do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que afirmou que manterá a proposta de aumento para o salário em R$ 540, mesmo valor contido no Orçamento aprovado pelo Congresso. Em nota assinada pelo deputado e presidente da entidade, Paulo Pereira da Souza, o Paulinho, a Força diz que o governo não pode esquecer que um salário mínimo digno é uma forma de distribuir renda e do seu significado para mais de 40 milhões de trabalhadores e aposentados brasileiros.

"Os insensíveis tecnocratas, ainda enraizados na área econômica, insistem em dar um pífio aumento para o salário mínimo", diz Paulinho. A entidade sindical também afirma que irá encaminhar emendas cobrando salário mínimo de R$ 580, conforme reivindicação unitária das Centrais Sindicais, e aumento de 10% para os aposentados que ganham valores acima do piso.


Lula afirma que salário-mínimo ficará em R$ 540

"O mínimo será de R$ 540. Se tiver de fazer mudanças, a Dilma fará em janeiro" 

BRASÍLIA - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse na manhã desta segunda-feira que o salário-mínimo ficará em R$ 540, a não ser que a presidente eleita, Dilma Rousseff , queira mudar quando assumir.

- O mínimo será de R$ 540. Se tiver de fazer mudanças, a Dilma fará em janeiro.

O presidente criticou os sindicalistas por quererem mudar a política acertada com eles em 2007 e que tem validade até 2023.

- Nossa proposta é séria. Os sindicatos não podem fazer um acordo que só vale se é para ganhar mais.

A política do governo tem como critério um aumento que combina a reposição da inflação com o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) registrado dois anos antes. As centrais sindicais querem um mínimo de R$ 580 para o ano que vem, alegando que o crescimento de 2009 foi negativo por causa da crise econômica mundial. No entanto, com a perspectiva de crescimento do PIB acima de 7% neste ano, em 2012 o mínimo terá um reajuste maior. 


Lula diz que votará em Dilma em 2014

“Trabalho com a idéia fixa de que Dilma será candidata. É justo e legítimo e será minha candidata em 2014”


O presidente Lula afirmou nesta segunda (27) que pretende se afastar de tudo por seis meses para resolver o que vai fazer no futuro, e garantiu que não está em seus planos concorrer a qualquer cargo eletivo, nem à Presidência em 2014. Ele afirmou que já está apoiando a reeleição da presidenta eleita, Dilma Rousseff. “Trabalho com a idéia fixa de que Dilma será candidata. É justo e legítimo e será minha candidata em 2014”. Segundo Lula só existe uma hipótese disso não acontecer: “ela não querer ser candidata", afirmou, durante entrevista em um café da manhã com jornalistas, no Palácio do Planalto.


Jarbas critica seu próprio partido

JARBAS VASCONCELOS É UM DOS MAIORES CRÍTICOS DO PMDB

O senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), afirmou em entrevista ao Congresso em Foco, que o PMDB tem sede de poder “pelas vias do fisiologismo e de outras coisas mais graves”. Jarbas, que vive crticando o próprio partido, diz ainda que isso não deve mudar no governo da presidenta eleita, Dilma Rousseff, no qual o PMDB terá cinco ministérios. Para ele, o partido estará sempre em busca de cargos e verbas públicas. “Eu tenho impressão que ele não vai perder seu aspecto guloso e de querer sempre açambarcar aquilo que tem muitos recursos, aquilo que tem alguma coisa para dar”. Jarbas acha que a “mediocridade” política vai continuar. “Ninguém pode assegurar que essa legislatura vá ser melhor que a outra, porque os nomes que estão chegando não entusiasmam para que a gente possa fazer essa comparação”.


Arrumando as malas

Charge
Charge do Humberto no Jornal do Comércio de Pernambuco



PMDB não quer virar DEM, um apêndice do PT


Novos líderes do PMDB, como Leonardo Quintão (MG), que contestam a liderança do deputado Henrique Eduardo Alves (RN), temem o partido se transformando em um novo DEM, que virou apêndice do PSDB e agora está em vias de extinção. Atualmente, o PMDB está nas mãos do PT, atuando como sua linha auxiliar, abandonando inclusive o velho projeto de candidatura própria à Presidência da República.

Queda do analfabetismo foi lenta

A taxa de analfabetismo na população com mais de 15 anos diminuiu de 11,6% para 9,7%, durante o governo do presidente Lula, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, referentes a 2003 e 2009. Mesmo com um programa específico para cuidar do assunto, com o aumento dos recursos e da mobilização de governadores para resolver o problema, a redução ainda é lenta, afirma a professora da Universidade de São Paulo, Maria Clara Di Pierro, pesquisadora do tema. “Na verdade os resultados são frustrantes se considerarmos as medidas e os esforços que foram feitos. O ritmo da regressão nos últimos anos foi inferior a 0,5 ponto percentual ao ano. Se não mexermos nesse ritmo, serão necessárias duas décadas para erradicar o analfabetismo”, aponta Maria Clara.


O legado de Lula

"Recolha-se a São Bernardo do Campo, Lula! Tome uma por mim. E deixe Dilma acertar ou errar em paz."

Comentário de Ricardo Noblat

Na próxima sexta-feira sairá de cena o governo de um único protagonista! Entrará o governo dos coadjuvantes do governo passado.

O período de oito anos de Lula foi construído sob medida para que ele, Lula, brilhasse sozinho. Deu certo. Nada indica que a história se repetirá no período de quatro ou de oito anos da presidente Dilma Rousseff.

Talvez seja melhor assim. O presidencialismo entre nós concentra poderes excessivos nas mãos de uma só pessoa. E isso não é bom para uma democracia que atravessa pela primeira vez, dentro da normalidade, três sucessões consecutivas.

Fernando Henrique recebeu a faixa presidencial de Itamar e a repassou a Lula, que a repassará a Dilma.

O primeiro momento de Lula como presidente da República foi de natural perplexidade. Seria possível a um ex-pau-de-arara e ex-favelado, que passara fome e sequer completara os estudos, acabar eleito para governar seu país? Depois de ter sido derrotado três vezes, Lula custou a acreditar.

O segundo momento foi de pavor. Coincidiu com o escândalo do mensalão, que levou Lula, em julho de 2005, deprimido por uns tragos tomados a mais, a falar em renúncia ao mandato. Soubera que o publicitário Marcos Valério, um dos operadores do pagamento de propinas a deputados, ameaçava contar tudo.

O então ministro José Dirceu, chefe da Casa Civil, foi acionado para negociar o silêncio de Valério e assim sossegar Lula. Teve êxito. Mas dali a mais um mês ou dois, obrigado a pedir demissão, reassumiu a vaga de deputado federal para ser cassado. Enfim, era preciso entregar alguma cabeça coroada para que Lula preservasse a sua.

O terceiro momento de Lula na presidência foi de esplendor. E de puro encantamento com ele mesmo. Reeleito em 2006, amparado por uma economia em expansão e idolatrado pela clientela dos programas sociais, passou a se comportar como um enviado de Deus. Ninguém mais do que ele alimentou o culto à própria imagem.

Por pouco não caiu na tentação de gastar parte de sua popularidade para vencer no Congresso a batalha por mais um mandato. Sondou a respeito governadores do PT e de outros partidos, além de auxiliares próximos. E aborreceu-se com alguns que se opuseram à idéia com veemência. Alô, alô, governador Jaques Wagner, da Bahia!

Está de saída porque não tem outro jeito. Mas deixa em seu lugar uma aliada fiel. Que a ele, unicamente a ele, deve sua eleição. E que ele espera lhe seja fiel até o último dos seus dias na presidência.

Que dia será esse? Por ora, Dilma não faz idéia. Lula deve fazer, mas não conta a ninguém. Até porque pode mudar de idéia.

Lula abusa da credulidade dos brasileiros quando reescreve a história do país como se ela pudesse ser dividida em duas fases: antes dele e depois dele.

Os desafetos de Lula incorrem no mesmo erro quando defendem a tese de que ele se limitou a dar continuidade à política herdada dos seus antecessores – além de ter tido muita sorte.

Nenhum presidente fez tanto pelos brasileiros mais pobres do que Lula – e esse será seu grande legado. Em oito anos de governo, o número de pobres foi reduzido a menos da metade. O programa Bolsa Família é uma invenção do governo anterior, eu sei. Mas foi com Lula que se expandiu e hoje atende a quase 13 milhões de famílias.

Quem elege os governantes numa democracia é o povo. Quem tem mais autoridade para julgá-los é ele.

Lula foi tolerante e cúmplice com o desrespeito à moralidade pública? Foi. Mas nem isso o impediu de chegar ao fim do governo com a aprovação de 83% dos seus conterrâneos. Tamanho grau de aprovação é um equívoco? Bobagem!

É fato que o povo, só por deter a autoridade suprema numa democracia, não é necessariamente sábio. Mas aonde um regime de sábios, respeitando os direitos do povo, foi capaz de conduzi-lo a uma situação melhor?

Recolha-se a São Bernardo do Campo, Lula! Tome uma por mim. E deixe Dilma acertar ou errar em paz.

Gastos com terceirização crescem 85% no 2º mandato do presidente Lula

Alta foi simultânea à expansão de 43% de despesa de pessoal contratado. Para analista, é contradição com discurso de substituir terceirizados

O Estado de S. Paulo - Por Fernando Dantas

RIO - Os gastos com terceirização do governo federal tiveram um salto de 85% no segundo mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (até 2009), saindo de R$ 7,6 bilhões para R$ 14,1 bilhões. Os dados estão no "Relatório e Parecer Prévio sobre as Contas do Governo da República", nas edições de 2006 e 2009, e referem-se aos três Poderes da União. O documento é elaborado anualmente pelo Tribunal de Contas da União (TCU).

"O que surpreende é que o gasto público de pessoal está crescendo, o número de funcionários também, o que levaria a se esperar que o gasto com terceirização caísse", comenta Mansueto Almeida Jr., economista do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

Ele nota que, em termos reais, descontada a inflação, o aumento da despesa de terceirização no segundo mandato de Lula, até 2009, foi de 61%. No mesmo período, a despesa de pessoal do governo federal, incluindo ativos e inativos dos três Poderes, saltou de R$ 105,5 bilhões para R$ 151,6 bilhões, num aumento de 43%. Em termos reais, o aumento foi de 24%. Já o número de servidores ativos aumentou em 27,7 mil de 2006 a 2009, saindo de 573,3 mil para 601,1 mil.

"Se a gente quiser fazer ajuste fiscal neste País, e aumentar o investimento público, esses gastos não podem continuar crescendo dessa forma", critica. Ele acrescenta que o ritmo de aumento dos gastos de terceirização é de mais de R$ 2 bilhões por ano. "O investimento total do governo no ano passado com segurança pública foi de R$ 1,5 bilhão, o que mostra que R$ 2 bilhões é muita coisa", diz o economista.

Discurso contraditório. Almeida diz que o discurso de remontagem do Estado do governo Lula teve como uma de suas justificativas a substituição de funcionários terceirizados por servidores permanentes. Para ele, o crescimento da terceirização no segundo mandato, no momento em que o ímpeto dos gastos com pessoal se acentuou, é contraditório com a justificativa.

No Ministério do Planejamento, como explica a assessoria de Comunicação do órgão, a visão é a de que não há contradição entre a substituição de servidores terceirizados e o aumento da terceirização, já que os dois conceitos são diferentes.

Um termo de ajuste de conduta foi assinado em 2007 entre o Ministério do Planejamento, o TCU e o Ministério Público do Trabalho para a substituição de terceirizados contratados por meio de organismos internacionais, desviados de função ou admitidos em desacordo com a lei, com o prazo limite de dezembro de 2010.

O Executivo federal chegou a ter mais de 35 mil terceirizados irregulares. De acordo com o Relatório do TCU de 2009, com base em dados da Secretaria de Gestão do Ministério do Planejamento, ainda havia 28.567 servidores em situação irregular no ano passado. O total de terceirizados substituídos entre 2008 e 2010, segundo o Ministério do Planejamento, foi de 11.272.

A assessoria do Ministério explica que a terceirização continua a ser uma opção válida de cada Ministério ou área do governo no caso de trabalhos por tempo determinado, como prestação de serviços para projetos específicos e com prazo para acabar, ou então atividades como limpeza, vigilância, conservação, manutenção, serviço de copa, condução de veículos, etc. No caso de atividades temporárias, um típico exemplo é o Censo, que teve a participação de 190 mil recenseadores.

Já para atividades permanentes e características de carreiras de Estado, a diretriz é a de substituir terceirizados por servidores públicos permanentes.

Os dados sobre a terceirização do TCU mostram que o item mais pesado, de longe, são os chamados "Outros Serviços de Terceiros – Pessoa Jurídica", que consumiram R$ 9,8 bilhões em 2010 (e R$ 5,2 bilhões em 2006). Nesta categoria, o gasto mais pesado é o de serviços de processamento de dados, que atingiu R$ 2,9 bilhões em 2010.

Estão incluídos no mesmo grupo – Serviços de Pessoa Jurídica – despesas de manutenção e conservação de bens imóveis; serviços técnicos profissionais; limpeza e conservação; vigilância; manutenção e conservação de máquinas e equipamentos; manutenção e conservação de veículos; manutenção de software; transporte de serviços, etc.

O segundo item de maiores despesas de terceirização é a "Locação de Mão de Obra", no qual foram gastos R$ 3,3 bilhões em 2009, e R$ 1,9 bilhões em 2006. Nessa categoria, as maiores despesas são com apoio administrativo, técnico e operacional; vigilância ostensiva; e limpeza e conservação.


domingo, 26 de dezembro de 2010

Sob Lula, cresce desigualdade entre salários público e privado

FOLHA.COM - DE SÃO PAULO

Os mesmos dados que mostram a queda do desemprego e o aumento da renda ao longo do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva também apontam, ao serem decompostos, o aumento da desigualdade entre o emprego público e o trabalho no setor privado, informa reportagem de Gustavo Patu e Pedro Soares, publicada na edição deste domingo da Folha.

Segundo levantamento feito a partir das pesquisas mensais de emprego do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), os rendimentos médios dos servidores públicos federais, estaduais e municipais, que já eram superiores, cresceram ainda mais que os da iniciativa privada nos últimos oito anos.

As diferenças começaram a se acentuar em 2006, ano em que a administração petista lançou o primeiro de dois pacotes de reajustes salariais generalizados para os funcionários do Poder Executivo. Governadores e prefeitos também aproveitaram os ganhos de receita para beneficiar o funcionalismo.

Em valores corrigidos pela inflação, o rendimento médio mensal no setor privado, incluindo assalariados, autônomos e empregadores, era de R$ 1.173,00 em dezembro de 2002, às vésperas do início do governo Lula. De lá para cá, um aumento de 13% levou o valor a R$ 1.323,00 em novembro passado, pela pesquisa feita nas seis principais regiões metropolitanas --São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador, Porto Alegre e Recife.

No mesmo período, a renda no serviço público, formada basicamente por salários, teve expansão de 31% acima da inflação, passando de R$ 1.909,00 para R$ 2.494.00


O mau sinal do governo que nem começou


Política - O Globo - Por Elio Gaspari

A permanência do deputado Pedro Novais (PMDB-MA) no Ministério do Turismo e da senadora Ideli Salvatti (PT-SC) no da Pesca são um mau presságio para um governo que nem começou. Revelam ligeireza com o dinheiro da Viúva, onipotência e descaso pela opinião pública.

Novais recebeu da Câmara R$ 2.156 por conta de uma nota fiscal do motel Caribe, de São Luís, relacionada com despesas feitas no estabelecimento durante a noite de 28 de junho. A senadora, que recebe R$ 3.800 mensais para custear sua moradia na Capital, cobrou à Viúva R$ 4.606 referentes a diárias de hospedagens no hotel San Marco, de Brasília, entre janeiro e dezembro deste ano.

Descobertos, ambos atribuíram as cobranças a “erros” praticados por assessores e informaram que devolveriam o dinheiro. Pedir desculpas à patuleia, identificando publicamente os responsáveis, nem pensar.

Cobrança de parte da presidente eleita, que acabara de indicá-los para o Ministério, muito menos.

Preservou-se o padrão de casa-grande dos maganos de Brasília. Ao pessoal da senzala, restou o alívio da descoberta do avanço sobre seu dinheiro, feita pelos repórteres Leandro Colon, Matheus Leitão, Andreza Matais e José Ernesto Credencio.

O deputado Novais, um maranhense octogenário que vive no Rio de Janeiro e chegou ao Ministério do Turismo por indicação do senador José Sarney, do Amapá, foi imediatamente defendido pelo líder de seu partido, Henrique Eduardo Alves: “Ele está esclarecendo de forma competente”. Em seguida, pelo futuro ministro das Relações Institucionais, deputado Luiz Sérgio (PT-RJ): “O Pedro Novais é um parlamentar experiente e, pela história dele, precisamos dar crédito à sua versão”.

Num primeiro instante, a reação de Novais foi típica dos senhores de escravos: “Pare de encher o saco. Faça o que você quiser”. Depois, apresentou uma explicação que tem muito de experiente e pouco de competente: “Indignei-me como parlamentar e homem público, mas, acima de tudo, como cidadão e marido. A acusação leviana tenta atingir minha moral e a firmeza de minha vida familiar. Sou casado há 35 anos. Na noite de 28 de junho, data da emissão da nota fiscal pelo estabelecimento, estava em casa, ao lado de minha mulher. Não posso aceitar que essa falha seja usada para acusações irresponsáveis à minha pessoa”.

Mesmo que na noite de 28 de junho o deputado estivesse na Igreja Evangélica Brasileira, que fica na Rua do Amor, nas cercanias do motel Caribe, isso não teria qualquer importância. Foi seu gabinete que apresentou à burocracia da Câmara a nota fiscal do motel. Ademais, uma funcionária do Caribe informou que houvera uma reserva em seu nome.

Admitindo-se que tudo não passou de um erro, Novais deveria ser grato ao repórter Leandro Colon, pois ele permitiu que expurgasse de sua longeva biografia e de seu firme matrimônio a sombra de uma despesa de R$ 2.156 num motel.

Em 2002, a nação petista sabia que o tesoureiro Delúbio Soares ia além de suas chinelas nas mágicas financeiras que fazia com o publicitário Marcos Valério. Acharam que dava para segurar. Em 2003, o poderoso José Dirceu sabia como operava seu assessor Waldomiro Diniz. Achou que dava para segurar.

Depois que as acrobacias confluíram no mensalão, Nosso Guia deu-se conta de que deveria ter substituído Dirceu logo depois do caso de Waldomiro. Em todos os episódios, o governo comprou o risco da crise porque tolerou malfeitos que lhe pareciam toleráveis.

Isso, supondo-se que Dilma Rousseff não fazia ideia das atividades da família Guerra quando patrocinou a ascensão da doutora Erenice à chefia da Casa Civil da Presidência.

A senadora Salvatti e o deputado Novais foram preliminarmente exonerados pela teoria do “erro”, sempre praticado por assessores jamais identificados e nunca disciplinados. Repetindo: nem desculpas pediram. Passou-se adiante o pior dos sinais: “Vamos em frente, não tem problema”.

sábado, 25 de dezembro de 2010

Charge

Economistas ainda tentam medir a felicidade

O economista José Eli da Veiga, especialista em desenvolvimento sustentável, explica por que os índices atuais, como o PIB e IDH, deixam muito a desejar

Revista Época - Por Marcos Coronato

Como o processo de desenvolvimento pode se tornar sustentável, se ainda não sabemos direito como medir a qualidade de vida, nem o grau de cuidado com a natureza, nem o próprio crescimento econômico? Esse tipo de preocupação está no cerne das pesquisas do economista José Eli da Veiga, um dos principais pensadores brasileiros no campo do desenvolvimento sustentável, participante da formulação do programa de governo da candidata a presidente Marina Silva (PV) e professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da USP. Eli da Veiga lançou em novembro seu livro mais recente, “Sustentabilidade – A legitimação de um novo valor”, pela Editora Senac. No livro, ele afirma não se preocupar com a falta de uma definição muito precisa para “sustentabilidade”. O economista argumenta que outro valor fundamental para a humanidade, a justiça, também desafia definição muito precisa. Mesmo assim, afirma ele, é razoavelmente fácil identificar o que é injustiça, assim como o que é uma prática insustentável. A seguir, alguns trechos de duas conversas de Eli da Veiga com ÉPOCA.

A ECONOMIA DA FELICIDADE

Houve a discussão no Butão, que é uma sociedade bastante atrasada em termos de capitalismo e desenvolvimento. Eles perguntaram por que aceitar essa convenção do Ocidente, que o relógio que mede a sociedade é o PIB, e concluíram que o que interessa é a felicidade. Até aí é uma crítica ótima. Eles substituíram o PIB pelo FIB, que também é uma medida bruta. Mas eles medem misturando tudo, os indicadores objetivos com indicadores subjetivos, que dependem de questionários aplicados à população sobre saúde, educação. Achei uma solução completamente equivocada, que não vai levar a nada.

Há 10 anos discutíamos uma coisa chamada Paradoxo de Easterlin. Ele foi o primeiro a mostrar que, nos Estados Unidos, por exemplo, o PIB não parou de aumentar, mas a felicidade das pessoas, a satisfação das pessoas com a vida, acompanhou o PIB até os anos 60. Depois, virou uma tesoura: foi cada um para um lado. Até um certo patamar de desempenho econômico, mais grana significa mais felicidade. A partir desse patamar, isso não acontece mais. Mais grana não se reverte em mais felicidade. Hoje há uma base de dados e metodologia para essas medidas.

COMO MEDIR A QUALIDADE DE VIDA

Existe um índice que se impôs desde os anos 90, o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), que vem também sofrendo críticas. Uma delas é que uma dimensão do IDH é o próprio PIB per capita. É um índice que dorme com o inimigo: ele foi criado para evitar que o PIB fosse usado como medida de qualidade de vida, mas ele próprio inclui o PIB. Além disso, ele mede a saúde só pela expectativa de vida e a educação só pelo nível de matrículas (média de anos de estudo). Sempre foi considerado uma medição muito tosca. Mas tem uma lógica: se você quer que 200 e tantos países no mundo façam esse cálculo, não adianta ser uma coisa muito complicada, senão metade dos países nunca vai calcular.

O que há de alternativo a isso é o Relatório Stiglitz, encomendado pelo governo francês. Para medir qualidade de vida, o relatório propõe um indicador complexo, com oito dimensões: educação, saúde, segurança econômica, segurança propriamente dita e assim por diante. E recomenda também o uso de indicadores subjetivos (obtidos por meio de questionários e pesquisas feitas com a população, em vez de contabilidade). Existem coisas consistentes nessa área de pesquisa chamada economia da felicidade.

Nós vivemos no Brasil um momento razoável de estabilidade econômica, um crescimento que não precisa ser muito maior que o atual, do meu ponto de vista, e pelo menos algumas migalhas estão indo para uma melhora geral da qualidade de vida. Isso começou de forma meio hesitante no governo Fernando Henrique Cardoso, depois ganhou força no meio do governo Lula. No caso da Indonésia, começou a acontecer coisa desse tipo, mas com uma exploração predatória de um recurso natural. Não acho que seja o caso do Brasil, temos um caso com mais nuances. (Mas) quem acha que sustentabilidade rima com qualidade de vida está por fora da história. É o contrário.

O PIB AINDA SERVE PARA MEDIR O CRESCIMENTO ECONÔMICO?

Com a contabilidade nacional posso calcular várias coisas – o PIB, o PNB ou uma coisa chamada Produto Interno Líquido. O que é bruto não tem a amortização – a desvalorização e o gasto de reposição de um carro, de uma máquina. Não se cogitava antes fazer amortização do capital natural. Hoje sabemos que, seu eu exploro uma mina, não posso considerar só o que eu faturo. Alguma coisa tem de ir para a outra coluna da contabilidade, porque eu estou dilapidando aquele patrimônio.

O PIB já era ruim por outros motivos, mesmo sem pensarmos em sustentabilidade.

O (economista Eduardo) Giannetti foi aplaudido no lançamento do meu livro por lembrar que o trabalho doméstico não é remunerado (Giannetti afirmou que educar uma criança é um trabalho extremamente nobre e não entra no PIB). Cuidar de um idoso, por exemplo, não entra no PIB. Se não houver troca com o mercado, não entra no PIB.

Há críticos que dizem que o PIB não serve para medir qualidade de vida. Mas os contabilistas respondem que o PIB não é mesmo para esse fim, ele é uma medida econômica da produção. Essa é a crítica boba. Mas há outra crítica, de que o PIB não é bom nem como indicador de produção. Li num documento do Wikileaks, de um diplomata que estava na China, conversando com um governador de província. O governador dizia que o PIB era bom para constar, mas que ele não levava em conta. Ele dizia “aqui, peço para saber qual foi o aumento do consumo de eletricidade, da carga dos trens, isso aí mostra muito mais como é o desempenho da economia”. A Irlanda é outro exemplo – lá, o PIB cresceu, mas a renda das famílias não.

O (presidente da França, Nicolas) Sarkozy teve a sacada e convidou o (Nobel de Economia Joseph) Stiglitz e o (Nobel de Economia) Amartya Sen para montar uma equipe. Eles passaram um ano trabalhando nisso. Uma das primeiras conclusões a que eles chegaram: nós precisamos de três medidas diferentes. Uma do desempenho econômico, uma da qualidade de vida, outra da sustentabilidade. São três coisas diferentes, que não devem ser misturadas. Ele propõe que o PIB seja substituído desempenho econômico seja medido pela renda ajustada ou renda líquida das famílias. É uma medida que deduz as despesas obrigatórias da família, como impostos. Eles querem calcular quanto sobra, a renda disponível para a família usar no consumo da maneira que ela decidir – comprando banana, automóvel, colocando na poupança, em educação melhor para os filhos.

Não é um cálculo simples. Se o IBGE resolver fazer isso, vai precisar de um certo tempo. A proposta, além de logicamente interessante, recebeu uma espécie de confirmação com Irlanda. O PIB disparou e a renda líquida das famílias nunca mudou. Havia uma disparidade. O PIB era um indicador ilusório e levou o mercado financeiro a grandes equívocos sobre a Irlanda.

COMO CHEGAR A UM PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Não vejo tanto problema assim no fenômeno do greenwashing (a tentativa de empresas de “lavar” a imagem usando o discurso de sustentabilidade social e ambiental). Quando a empresa começa a usar o termo sustentabilidade, mesmo de maneira oportunística, abre a possibilidade de os clientes, fornecedores e parceiros irem em cima dela com cobranças. Existem muitos casos de companhias que começaram a usar o apelo sustentável sem uma política muito séria e depois tiveram de definir essa política.

Não tem regra do que vem antes e o que vem depois. Não tenho resposta quando as pessoas perguntam “você não acha que isso exige principalmente uma mudança de comportamento?”. Inovação tecnológica é absolutamente necessária. Mas não posso afirmar que primeiro precisamos descobrir isso para depois ter mudança de comportamento, ou que precisamos primeiro de mudança de comportamento para depois ter a inovação tecnológica. Ou que primeiro precisaremos mudar nossos valores. Cada exemplo na nossa história mostra uma combinação diferente. Eu uso o exemplo da escravidão porque o Eduardo Giannetti fez uma brilhante intervenção (no lançamento do livro de Eli da Veiga, em novembro), mas que era ultrapessimista, reclamando que estava tudo errado. Deu uma sensação de que talvez a humanidade não seja capaz de resolver o problema do aquecimento global. Por isso, lembrei que somos capazes de resolver problemas. Um caso típico foi a escravidão, que existiu durante milênios, em praticamente todas as sociedades, e no período de um século foi praticamente extinta.