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segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Novo tesoureiro do PT preside uma entidade suspeita

Por Josias de Souza


Chama-se João Vaccari Neto o novo Delúbio Soares do PT. Será empossada, em fevereiro, na função de tesoureiro do partido.

Vaccari vai comandar as arcas petistas nas eleições de 2010. A repórter Ana Flor levou às páginas da Folha uma notícia, digamos, inquietante.

Ela conta que o novo senhor das finanças do PT preside, desde 2004, uma entidade chamada Bancoop.

Trata-se de uma cooperativa habitacional dos bancários de São Paulo. Encontra-se sob investigação do Ministério Público estadual.

A Bancoop convive com um rombo estimado em R$ 100 milhões. Tenta buscar no bolso dos associados dinheiro para saldar o débito.

Como se formou o buraco? O promotor José Carlos Blat, que conduz a investigação, diz que de que a Bancoop desviou recursos.

Para onde? Para empresas ligadas a alguns de seus dirigentes, que repassaram as verbas para campanhas do PT. O tema tem frequentado o noticiário.

O inquérito do Ministério Público foi aberto em 2007. O promotor Blat chega mesmo a dizer que a Bancoop é "uma organização criminosa" com objetivos "político-partidários".

Desde o mensalão, um escândalo de 2005, a tesouraria do PT é vista –ou deveria ser— como uma zona de alta sensibilidade.

Delúbio Soares foi o único petista expurgado da legenda por conta da parceria valeriana que injetara nos cofres do PT verbas de má origem.

Sucessor de Delúbio, o petista Paulo Ferreira gerenciou a caixa registradora do partido sem deixar máculas.

O problema é que o estatuto do PT veda a recondução de Paulo Ferreira à tesouraria. Daí a troca de comando.

Vaccari desfruta da confiança do atual presidente do PT, Ricardo Berzoini, também ele um fundador e ex-presidente da Bancoop.

Ex-secretário-geral da CUT e ex-presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Vaccari é, hoje, segundo suplente do senador Aloizio Mercadante.

No alvorecer do governo Lula, de cuja amizade tem o privilégio de desfrutar, Vaccari chegou a ser cogitado para a presidência da Caixa Econômica Federal.

Lula preferiu acomodá-lo em posição de menor realce, o Conselho de Administração de Itaipu. Procurado pela reportagem, Vaccari não telefonou de volta.

Mas, noutras oportunidades, ele sempre negou que a Bancoop esconda malfeitos em suas escriturações. O amigo Berzoini acusa o Ministério Público de promover uma investigação política.

Como o inquérito da Bancoop é coisa ainda inconclusa, sempre se poderá argumentar que Vaccari e a entidade que preside têm a seu favor o benefício da dúvida.

Mas, ao acomodar a interrogação numa tesouraria de triste memória, o PT revela-se uma legenda irremediavelmente afeiçoada ao risco.


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