Este 1º de fevereiro de 2011 iniciara sob o signo de duas certezas: nada é certo neste mundo, exceto a reeleição do Sarney à presidência do Senado.
Num colégio de 81 eletores, Sarney (PMDB-AP) arrastou 70 votos. Seu único e solitário rival, Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) amealhou dez. Um feito.
Apresentado por Renan Calheiros (PMDB-AL), Sarney absteve-se de discursar antes da votação. Não precisava.
Raldolfe também não precisava. Sabia-se derrotado desde a véspera. Mas discursou por dez minutos. Falou sobre desvios e ética para uma platéia de surdos.
Computados os votos, Sarney foi ao microfone. Repisou algo que dissera na semana passada: a teprapresidência será um “sacrifício pessoal”.
Não disse palavra sobre a crise ética que roeu sua gestão em 2009. Não precisava. Enterrado vivo em 2010, o escândalo já nem exala cheiro.
Sarney falou de sua "paixão pela vida pública". Mencionou sua “doação” à política, “maior que a própria vida”.
Disse que, juntas, paixão e doação vão afastá-lo de seu “bem-estar social”. Ainda não se deu conta. Mas, fora do Congresso, o incômodo é muito maior.
Ouça-se um pouco mais de Sarney: "Tenho nesta posse o gosto da despedida, pois cumprirei meu último mandato [Será?!?!?]...”
“...Espero fazer toda a doação de mim mesmo para servir esta Casa, que é um pouco da minha vida, um pouco do meu amor..."
"Não desejava o encargo [agora conta a do papagaio!], dele não pude fugir [a platéia também não!], tendo o alto preço do exercício dessas funções [a Viúva paga]...”
“...Tenho visão desse compromisso com as instituições [hummmm...], com a independência do Poder Legislativo [heimmmm!?!?!]...”
Independência "...principalmente de nossa Casa, que jamais pode ser submissa a nenhum poder nem tampouco afastada do interesse nacional [ah, fala sério!]".
A certa altura, Sarney recordou sua condição de congressista mais antigo: 56 arrastados anos de mandato.
Só de Senado, Sarney tem 35 anos. É quase o tempo de vida de seu pseudoadversário. Randolfe tem 38 anos.
Uma evidência de que, para Sarney, o tempo já não existe. Só existe o passar do tempo.
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