Estadão - Por Celso Ming
O comércio varejista do Brasil vai ter um ano recorde. Os números até outubro já apontam para um crescimento de 11,1% em relação ao acumulado no mesmo período do ano passado. É o melhor desempenho do comércio desde 2001, ano em que o IBGE iniciou o levantamento.
Esse aumento exuberante do consumo tem duas principais explicações. A primeira delas é a grande expansão das despesas públicas. Foi o governo gastando o que pôde e o que não pôde para garantir a eleição da candidata oficial. E essa esticada das despesas públicas provocou renda, aumentou o consumo e, é claro, a produção.
O segundo fator que explica essa expansão é a esticada do crédito, em mais de 20%.
Essa forte expansão do consumo trouxe três desequilíbrios, nenhum deles irreversível. O primeiro deles é o aumento forte das importações, em mais de 40% neste ano, fator que está contribuindo para o crescimento do déficit nas contas externas; o segundo é o achatamento da poupança, justamente quando o Brasil está precisando do contrário; e o terceiro é o aumento da inadimplência, o que mostra que esse ritmo do consumo está provocando certo estiramento da economia: as pessoas estão comprando mais do que podem pagar.
O governo já começou a pisar no freio. Vai ter de pisar muito mais.
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