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domingo, 18 de julho de 2010

DILMA NÃO DECOLA SEM LULA. E AGORA PT?


Ao observador atento não terá escapado a percepção de que no interregno entre a publicação da última bateria de pesquisas e o momento atual os estrategistas da candidatura Dilma executaram um teste do potencial de vôo da candidata sem os empurrões de Lula. Ao que tudo indica o teste fracassou.

No momento que Dilma ultrapassou Serra nas pesquisas publicadas pelo Ibope e pelo Vox Populi, na última semana de junho, Lula deu declarou à imprensa que sua candidata havia adquirido condições de seguir sozinha. Ato contínuo Lula viajou para a África e Dilma começou a se expor sem a presença de Lula ao seu lado em diversos eventos.

No entanto, no início de julho, após semanas seguidas de propaganda na TV, nos horários do PPS, do PTB e do PSDB, Serra buscou a diferença e empatou com Dilma, segundo o Datafolha, e nova pesquisa do Ibope.

Desde então não se viram mais pesquisas publicadas. Mas, observaram-se mudanças de comportamento de Lula que, desde o lançamento do edital do trem-bala voltou a pedir votos para sua candidata e a se expor ao lado de Dilma, afrontando a legislação eleitoral ao ponto de, inclusive, colocar-se na delicada posição de alvo de processo por improbidade administrativa e de deixar Dilma sob risco de impugnação por uso da máquina pública.

No campo adversário, as manchetes recentes emergem da boca de Serra estampando a afirmação: “Dilma não tem condições de andar sozinha”. Isto é, Dilma não teria condições de crescer nas pesquisas sem o apoio explícito de Lula.

As evidências, portanto, partem de ambos os lados. Ninguém mais do que os estrategistas de Dilma e Serra tem acesso a pesquisas diárias, não publicadas, a partir das quais monitoram o pulso do eleitor e tomam as decisões sobre os movimentos táticos das candidaturas. E os movimentos táticos de ambas as campanhas sugerem que essa é a leitura feita nos bastidores.

Sem o empurrão de Lula, Dilma pode ter caído, ou, no mínimo, parado de crescer num momento em que Serra, em função da exposição na TV, antes da última bateria de pesquisas publicadas, ganhou fôlego ao alcançar o empate técnico nas pesquisas.

A se confirmar essa análise, constitui-se um impasse estratégico para a candidatura de Dilma. Por quê? Porque o eixo estratégico da candidatura Dilma está na transferência do prestígio de Lula. E o eixo estratégico da candidatura Serra está na aposta de que, num determinado momento da disputa Dilma precisará provar ao eleitor que tem luz própria para conduzir a nação sem a tutela de Lula.

Cedo ou tarde chegará a hora de verdade para Dilma. Afinal, como pretenderia alguém comandar a nação se não tem capacidade de andar com as próprias pernas na eleição e assumir superioridade no contraste de imagens com seu principal adversário?

Nos debates da reta final da eleição, a se confirmar a polarização Dilma versus Serra, e mesmo na comparação de Dilma com Marina Silva, ou a criatura de Lula rompe a dependência química com seu criador, ou sucumbirá ao contraste com seus adversários.

Essa é a posta de Serra. Na tribuna dos debates na reta final do primeiro turno, e no segundo turno, Dilma não poderá levar Lula aos estúdios da TV Globo, sequer para assisti-la de corpo presente, sem reforçar a impressão de que, sem Lula ao seu lado, a candidata do PT é um zero à esquerda.

Os estrategistas de Dilma, segundo informações que circulam na imprensa, avaliariam que é necessário que a petista abra uma diferença de dez pontos percentuais sobre Serra até o início do horário eleitoral gratuito, como forma de garantir condições de a criatura de Lula alçar vôo solo. No entanto, o espaço de crescimento de Dilma pela via da transferência de prestígio de Lula está se estreitando.

Se, por um lado, os números indicam que ainda resta um contingente de eleitores que dizem que votarão em quem Lula indicar, e que não conhecem Dilma, por outro lado, é preciso considerar um dado qualitativo sobre esse contingente de eleitores.

Ao que parece esse contingente se compõe de eleitores com baixo grau de instrução, renda e informação política, que talvez somente tome conhecimento da existência da candidatura Dilma depois de algumas semanas de propaganda eleitoral gratuita na mídia, quando as circunstâncias da disputa já serão outras. Observe-se que Dilma passou a ser atacada duramente pelo vice de Serra, com acusações de ateísmo e de vínculos do PT com as FARC e o narcotráfico, num contexto em o currículo de Dilma revela vínculos pregressos com os grupos terroristas Colina e Var-Plamares no tempo do regime militar.

Esse é o impasse no qual se encontram os estrategistas do PT: Lula precisará se expor mais e mais para empurrar Dilma para cima nas pesquisas. No entanto, quanto mais Lula se expuser para empurrar sua criatura lomba acima nas pesquisas, mais reforçará a tese dos estrategistas de Serra: Dilma não decola sem Lula. Se Dilma vencer, quem irá governar: Dilma ou o PT dos radicais e do mensalão?

Quando chegar a hora de verdade, será Serra versus Dilma. Quem tem melhores condições de conduzir o Brasil para o futuro? É Serra, apostam os estrategistas de Serra.


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