José Serra aproveitou o episódio da troca de programas de governo que o PT encenou no TSE para escalar sobre Dilma Rousseff.
O PT anexara ao pedido de registro de sua candidata um programa de governo que havia sido aprovado em congresso partidário de fevereiro.
A peça continha as teses radicais do pedaço esquerdista da legenda. Coisas como entraves à retomada de terras invadidas...
...E o combate ao “monopólio dos meios eletrônicos” de comunicação. Tudo assinada por Dilma. A candidata apôs sua rubrica em cada uma das páginas.
Divulgado pelo TSE, o programa ganhou a web. E inspirou uma reação subterrânea das legendas de centro-direito que integram a coligação de Dilma.
Chia daqui, reclama dali, o petismo retirou da praça o programa azedo. Com atraso de quase oito horas, substituiu-o no TSE por uma versão edulcorada.
Ouvida, Dilma disse que assinara a primeira versão sem ler. Algo que não recomenda alguém que reivindica o cargo de presidente da República.
Os repórteres Elder Ogliari e Evandro Fadel contam que, instado a dizer meia dúzia de palavras sobre o vaivém do time rival, o tucano Serra foi à jugular:
"Lendo o segundo [programa], é um remendo malfeito [do primeiro]", ele bicou, durante caminhada pelas ruas do centro de Curitiba.
Para Serra, os tópicos anotados na versão renegada posteriormente compõem a “alma” do que deseja o petismo.
Afirmou que seus adversários "não são duas caras, são várias caras". Arrematou: "Nós temos uma só cara, a minha cara".
Fez uma referência específica ao desejo do PT de exercer o controle da mídia:
"É tema em que a gente sabe o que eles pensam. Sempre que podem, isso é dito, depois eles vêm e corrigem".
Em viagem a Porto Alegre, Dilma também foi convidada a comentar a meia-volta do programa de governo:
"Nós não concordamos com a posição expressa. Tem coisas do PT com as quais concordamos, coisas com as quais não concordamos, e assim nos outros partidos também".
Então, tá! Ficamos entendidos assim. Lavrem-se as atas.
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