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terça-feira, 13 de julho de 2010

Os verdadeiros pais do Bolsa Família

FOLHA.COM - Por Gilberto Dimenstein

Em épocas eleitorais, os políticos disputam a paternidade ou, pelo menos, a sociedade em projetos de sucesso. Entra-se num vale tudo. É o caso do Bolsa Família, disputado pelo PT, de Dilma Rousseff, e pelo PSDB, de José Serra. Ambos os partidos foram vitais na implantação e disseminação do programa --assim como o DEM, ex-PFL.
Como nesse tempo eu morava em Brasília e sempre tive interesse em temas sociais, testemunhei toda essa articulação em câmara lenta. Estive presente, aliás, em muitas das reuniões e debates para tirar a ideia do papel.

Não há dúvida de que um dos principais pioneiros do Bolsa Família é Cristovam Buarque. Ele criou o bolsa-escola quando foi governador de Brasília e saiu divulgando pelo Brasil e por muitos países essa solução. Teve como aliados a Unesco e Unicef --o que ajudou disseminar nacionalmente a eficácia do projeto.

Ao mesmo tempo, desenvolvia-se em Campinas um programa de renda mínima pelo então prefeito José Roberto Teixeira (PSDB). Mas não tinha uma condicionalidade tão fincada na escola --mas dá para dizer que ele foi um dos pioneiros de medidas que, no futuro, acabariam no Bolsa Família.

Lembremos que o bolsa-escola foi transformado em política nacional no governo FHC, onde, no Ministério da Educação, havia vários intelectuais da Unicamp ( Maria Helena Guimarães e Paulo Renato Souza, por exemplo) que estavam em Campinas. Nessa época, aliás, o PT chamava a bolsa-escola de bolsa-esmola.

Coube a Lula, claro, dar uma extraordinária dimensão ao programa.

Essa é a história --o resto é invenção. Mas o fato é que, como toda boa ideia, ela tem muitos sócios.


Um comentário:

  1. Esse dimenstein é mesmo uma piada:

    http://www1.folha.uol.com.br/folha/dimenstein/colunas/gd201003.htm

    Olha o que ele falava em
    21 /10/2003
    O risco da bolsa-esmola


    Inegavelmente foi um avanço a unificação de programas de distribuição de recursos no Bolsa-Família, apesar de ainda faltar a adesão de prefeitos e governadores. A unificação indica a busca de racionalidade para reduzir desperdício e aumentar eficiência administrativa. Claro que a operação ainda é uma incógnita, mas o anúncio merece ser festejado.

    A discussão essencial - e mais delicada - é saber até quando o poder público vai manter essas milhões de bolsas. Se os recursos distribuídos diretamente aos mais pobres não promoverem a autonomia dos indivíduos para que, uma vez escolarizados, consigam dispor de uma fonte de renda, iremos distribuir apenas bolsas-esmola.

    É esse o grande risco, como se vê em várias partes do mundo, desse tipo de programa. As pessoas se acomodarem com aquela ajuda e, pela falta de estímulo econômico, não encararem aquele dinheiro como algo provisório, mas uma esmola.

    A eficiência desses programas será medida pelo número brasileiros que não dependam mais de nenhuma bolsa.
    Coluna originalmente publicada na editoria Pensata, na Folha Online.

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