"Desfrute da viagem da vida. Você só tem uma oportunidade, tire dela o maior proveito."

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Para escolher os novos nomes da sua equipe, Dilma espera Lula e o PT

Definido último formato para primeiro escalão do governo de Dilma Rousseff

O Globo - Por Gerson Camarotti

Palocci deve ocupar Casa Civil e Paulo Bernardo, o Ministério das Comunicações

BRASÍLIA - No último formato desenhado para o primeiro escalão de seu governo, a presidente eleita, Dilma Rousseff, definiu o futuro do atual ministro do Planejamento, Paulo Bernardo: cotado inicialmente para ocupar um cargo no Palácio do Planalto, ele deverá comandar o Ministério das Comunicações, para tocar o Plano Nacional de Banda Larga, o programa de universalização de acesso à internet em alta velocidade. E fará também a mediação do governo com as empresas de mídia. Para a definição de outros ministérios importantes, como o da Defesa e o da Educação, Dilma ainda precisa chegar a um entendimento com o presidente Lula e com seu partido, o PT.

Lula ainda não desistiu de convencer a presidente eleita a manter o gaúcho Nelson Jobim como ministro da Defesa. Segundo relatos, Lula estaria próximo de quebrar a resistência de Dilma com o argumento de que ele foi o primeiro titular da Defesa que teve de fato ascendência sobre as Forças Armadas, e que não houve mais crise militar desde que ele tomou posse.

No caso do Ministério da Educação, Dilma já estaria cogitando manter o atual ministro Fernando Haddad, também sugerido por Lula, mas quem não gosta da ideia, neste caso, foi o PT. O partido faz lobby para ter outro petista na pasta, com a alegação de que Haddad não tem boa relação com as bancadas e prefeitos.

Palocci deverá ocupar a Casa Civil
Conforme publicou nesta quinta-feira a coluna Panorama Político do GLOBO, além do deputado Antonio Palocci na Casa Civil, o ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, deverá ser mantido no cargo, e o chefe de Gabinete de Lula, Gilberto Carvalho, deslocado para a Secretaria-Geral da Presidência.

Quase um mês depois de eleita, Dilma anunciou até agora apenas os três principais cargos da área econômica . Para bater o martelo sobre os cargos de todos os auxiliares palacianos, ela depende ainda do modelo final que dará à estrutura dos ministérios do Planalto.

A dificuldade da presidente eleita de definir todo o seu primeiro escalão - são 37 ministérios - deve-se também à disputa entre os partidos aliados pelas pastas setoriais. Para ter Paulo Bernardo nas Comunicações, por exemplo, Dilma ainda tem que negociar com o PMDB, já que hoje esse ministério é um feudo do partido aliado.

A preferência de Dilma por uma pessoa próxima a ela nas Comunicações deve-se também a sua determinação de "moralizar os Correios", subordinado à pasta. Desde setembro, a empresa passa por uma intervenção branca. Para fazer um diagnóstico dos Correios, a pedido do Planalto, Paulo Bernardo escalou o diretor de Recursos Humanos dos Correios, Nelson Luiz Oliveira de Freitas, um ex-auxiliar seu.

Na Casa Civil, Palocci terá a função de fazer a articulação política do governo e a interlocução com setores da sociedade. Na prática, ele já tem exercido esse cargo na transição, cumprindo várias missões reservadas para a composição do governo Dilma.

O ministro Alexandre Padilha chegou a ser sugerido para a Saúde, mas deverá continuar com a função de articulador com o Congresso, com o varejo da política. Já a Secretaria-Geral permanece com o mesmo formato de hoje, com foco na interlocução com os movimentos sociais. Foi pensando nesse perfil que se escalou Gilberto Carvalho. Nos três casos, prevaleceu a opinião do presidente Lula.

E, segundo interlocutores do presidente, ele pretende influenciar Dilma ainda no caso do Ministério da Defesa. Além de autoridade em relação aos comandos das três Forças, Jobim, segundo tem dito Lula, foi o único que conseguiu dar funcionalidade à pasta, desde que ela foi criada no governo Fernando Henrique Cardoso.

O presidente decidiu apadrinhá-lo porque sabe que ele não tem apoio político de seu próprio partido, o PMDB, e nem de setores do governo. Na noite de quinta-feira, Jobim encontrou-se num restaurante de Brasília com o vice-presidente eleito, deputado Michel Temer (PMDB-SP), e o deputado Miro Teixeira (PDT-RJ), de quem é amigo, quando trataram do assunto. Na semana passada, Jobim foi sondado por Palocci.

Nas conversas desta semana, Lula até lembrou que "as meninas da Casa Civil sempre tiveram resistência ao nome de Jobim", numa referência à própria Dilma e às suas antigas assessoras. No Planalto, todos reconhecem que Jobim e Dilma, além de temperamentos fortes, tiveram divergências - quando, por exemplo, o ministro da Defesa tomou partido dos militares e conseguiu modificar o texto original do Plano Nacional de Direitos Humanos-3, feito pela Casa Civil e que continha trechos que desagradaram aos comandantes.

Além disso, entre outras resistências de Dilma, está o fato de Jobim ser amigo pessoal do tucano José Serra. Alguns petistas, como o secretário de Comunicação do partido, deputado André Vargas (PR), chegaram a criticar publicamente Jobim por sua postura neutra na eleição. Mesmo assim, o presidente Lula tem destacado que o ministro da Defesa é um homem de Estado, e que isso é fundamental para evitar futuros problemas no governo Dilma.

Com a trinca palaciana definida, Dilma deve se concentrar na próxima semana a tratar do loteamento com os demais partidos aliados e administrar resistências e vetos das legendas.

O PDT já avisou que deseja manter o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, no cargo e deverá ser atendido, por falta de outra opção do partido. O PR não quer saber de abrir mão do Ministério dos Transportes e o PP faz forte lobby para emplacar o deputado Mário Negromonte (BA) no Ministério das Cidades.

O PSB gostaria de trocar o Ministério de Ciência e Tecnologia e recuperar o Ministério da Integração Nacional, pasta que é cobiçada pelo PMDB e pelo PT. Já o PTB tenta recuperar o Ministério do Turismo, que também é disputado pelo PT e pelo PSB. Já o PCdoB pode indicar a deputada Manuela D'Ávila (RS) para o Ministério do Esporte no lugar do ministro Orlando Silva, que se dedicaria ao comando da Autoridade Olímpica.


Nenhum comentário:

Postar um comentário