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segunda-feira, 14 de junho de 2010

LULA CONFIRMA EM PALANQUE: DILMA NÃO EXISTE


Embora a festa da convenção petista tenha sido planejada para Dilma Rousseff — para exaltar as mulheres e sua importância na história brasileira —, o grande protagonista do evento foi, como todos supunham, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Um dia depois de a imprensa revelar que o partido estava preparando um dossiê também contra Eduardo Jorge, vice-presidente do PSDB, Lula cobrou das oposições uma campanha de “alto nível”, pedindo que não “façam jogo rasteiro, inventando dossiê todo dia”.

O chefão do PT não dirigiu o seu pedido a Dilma, Fernando Pimentel, Luiz Lanzetta ou mesmo Aloizio Mercadante. Nada disso! Ele resolveu jogar a responsabilidade nas costas da vítima, embora os dossiês contra Serra e contra o vice-presidente do PSDB circulem no submundo petista, sendo oferecidos a jornalistas. A candidata petista afirmou ontem que o governo Lula faz “o impossível”. De certo modo, é mesmo verdade. Que outra liderança no Brasil seria tão desenvolta no seu cinismo e tão ligeira na inversão das culpas?

Lula quer “alto nível”, e só por isso Lanzetta foi contratado. Lula quer alto nível, e só por isso personagens como Benedito de Oliveira e Amaury Ribeiro Júnior participaram da reunião da arapongagem. Na verdade, os petistas estão irritados porque a Casa do Espanto, em Brasília, teve seu trabalho denunciado antes que conseguisse fazer prosperar sua indústria de calúnias e baixarias. Lula está bravo porque Serra reagiu. Na prática, ele passa uma vez mais a mão na cabeça dos criminosos e acusa as vítimas, o que revela uma prática estupidamente autoritária.

Ontem, diga-se, ele se excedeu na condição de supremo mandatários dos destinos do Brasil e dos brasileiros. Leiam esta declaração:

Vai ser a primeira eleição, desde que voltou (sic) as eleições diretas para presidente, que o meu nome não vai estar na cédula. Vai haver um vazio naquela cédula. E, para que esse vazio seja preenchido, eu mudei de nome e vou colocar Dilma lá na cédula. E aí as pessoas vão votar. Por isso, companheira, eu quero que Deus te abençoe e te dê força, cabeça fria, e saiba que você tem um companheiro para a hora que precisar.

É verdade! Lula já disputou cinco eleições — perdeu três. Duas das derrotas se deram contra FHC, ambas no primeiro turno. E ele não perdoou o outro por isso até hoje. Nas vezes em que venceu, teve de enfrentar a segunda rodada. E essa é outra de suas mágoas. Daí que queira fazer da disputa de 2010 um plebiscito de que ele é a personagem, não Dilma.

Na festa das mulheres, Lula disse bem quem é Dilma: seu avatar. E não que ela preencha “o vazio” — nunca antes na história destepaiz houve alguém que amasse tanto a si mesmo como Lula. Ela simplesmente empresta o nome, substitui o antecessor, por causa de uma questão legal. Se alguém tinha dúvida se Dilma existia ou não, Lula a dirimiu ontem: DILMA NÃO EXISTE.

O presidente falou aquela maravilha fazendo uma pausa dramática depois da palavra “vazio” — e se ouviu um “Ahhh…” meio choroso vindo da platéia. O petista está dizendo que espera ser substituído por uma personagem de sua lenda pessoal.

Ainda que Lula fosse Lula; ainda que seus feitos reais fossem correspondentes a seus feitos de propaganda, não dá para ficar indiferente a um discurso com tais características. A razão é simples: para que o político Lula sobreviva na dimensão pretendida, a política precisa morrer. E tudo à volta tem de morrer.


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