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sábado, 15 de janeiro de 2011

Crise iminente

Desindustrialização pode deixar vulnerável economia do país, alerta Vellozo Lucas



O deputado Luiz Paulo Vellozo Lucas (ES) alertou nesta sexta-feira (14) para a possibilidade de o Brasil enfrentar uma crise em suas contas externas nos próximos anos devido ao processo de desindustrialização instalado no país. Segundo o parlamentar, que também é economista, medidas estruturais precisam ser adotadas o quanto antes para frear o ritmo de desaceleração da indústria no país. No ano passado, o setor amargou o pior rombo da sua história nas trocas com o exterior.

O déficit da indústria da transformação (que converte as matérias-primas em insumos e produtos acabados) atingiu o recorde de US$ 37 bilhões, 125% acima do saldo negativo obtido em 2009. O cálculo é da Secretaria de Desenvolvimento da Produção, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Se forem excluídos itens com pouco grau de transformação como aço, açúcar ou celulose e considerados apenas os produtos manufaturados, a queda foi de US$ 70,9 bilhões em 2010.

Segundo Vellozo Lucas, esse é um fenômeno novo, no qual a indústria passa a ter menos participação no Produto Interno Bruto (PIB) e as commodities se tornam responsáveis pelo equilíbrio das contas externas. “Essa situação de déficit no setor de produtos industrializados crescente dessa maneira é algo absolutamente insustentável e levará o Brasil a uma crise na balança de pagamentos e de confiança dos mercados na economia brasileira”, avisou o parlamentar, que preside o Instituto Teotonio Vilela (ITV).

De acordo com o tucano, os principais vilões desse quadro são os juros altos e o câmbio valorizado. O deputado lembra da importância de um país atrair capital estrangeiro, mas destaca que hoje isso acontece com muita intensidade no Brasil, mas principalmente devido às altas taxas de juros. “Isso faz com que nosso câmbio esteja muito defasado”, destaca. “Esse é um alerta importante para o governo porque estamos caminhando para uma situação de crise cambial e nas contas externas caso não sejam adotadas medidas estruturais. Tal situação atual é fruto de anos de desequilibrio econômico e de descaso do governo do PT com aspectos mais importantes da economia brasileira”, completou.

De acordo com o Vellozo Lucas, o governo Lula herdou uma economia equilibrada, mas que ainda necessitava passar por reformas e mudanças na estrutura econômica. Essas alterações deveriam, segundo o deputado, fazer com que a taxa de juros no país passasse a se enquadrar em padrões internacionais. Além disso, será preciso reduzir a carga tributária e dar ao país condições de se defender diante da sobrevalorização de sua moeda. As atuais condições, segundo o deputado, enfraquecem a economia e geram perda de competitividade no mercado internacional. Para dar mais competitividade à indústria nacional, também é necessário reduzir o chamado “custo Brasil”, que envolve questões como a infraestrutura deficiente e burocracia excessiva para abrir ou fechar negócios.

Crescimento não sustentável

→ As importações de produtos industriais aumentaram 40% em 2010, atingindo US$ 143,2 bilhões. As exportações da indústria brasileira se recuperaram da crise, mas cresceram menos: 23,5%, para US$ 106,3 bilhões. Graças às perdas da indústria, o saldo da balança comercial brasileira encolheu do recorde de US$ 46 bilhões em 2007 para US$ 20 bilhões no ano passado. O resultado positivo foi garantido pelo bom desempenho do agronegócio.

O professor da Fundação Getúlio Vargas Luiz Carlos Bresser Pereira disse, em entrevista ao “Estadão”, que o Brasil caminha para uma crise na balança de pagamentos em, no máximo, dois anos. Ex-ministro da Fazenda no governo Sarney e de Ciência e Tecnologia na administração FHC, ele avisa que o país vai perder o controle das transações com o exterior porque o crescimento não é sustentável. Bresser Pereira defende uma ideia polêmica para lidar com o problema: taxar a exportação de commodities.


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