"Desfrute da viagem da vida. Você só tem uma oportunidade, tire dela o maior proveito."

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Últimas de Roberto Jefferson


A decisão do BC de aumentar a Selic em 0,5% já estava dentro da previsão, mas ainda era preciso uma sinalização mais forte do Planalto no sentido de segurar a outra ponta, a dos gastos públicos. E ela veio logo, com a decisão de Dilma de adiar a compra dos caças da FAB para 2012. Até aqui, a presidente age com a prudência que o momento exige. É certo que as Forças Armadas precisam se reequipar, mas sem o equilíbrio das contas públicas e o controle da inflação, não haverá dinheiro sequer para abastecer os caças. A hora é de arrumar a casa.


O adiamento da compra dos caças da FAB impacta positivamente não só sobre a redução dos gastos públicos, tão essencial para o Brasil hoje. Nesses tempos de vacas magras no comércio internacional, de crise - que seria ainda pior se a China não continuasse comprando, principalmente commodities, agrícolas e minerais -, o adiamento terá uma virtude especial: vai fomentar a competição, que tende a favorecer o Brasil não só com relação ao preço, que tende a cair, mas também na ampliação dos direitos de comprador, como a transferência de tecnologia. Que assim seja!


Com a elevação da taxa básica de juros de 10,75% para 11,25%, ontem, pelo Copom, continuamos ostentando o primeiro lugar no ranking dos juros reais (descontada a inflação) entre as economias mais relevantes no mundo. Com isso, a previsão é de que mais dólares entrarão no País em busca de taxa tão convidativa para elevar os rendimentos dos investidores, desvalorizando ainda mais o real (e pressionando o dólar para cima). Será preciso desmontar o quanto antes esta armadilha. Não é uma tarefa fácil, e exige principalmente que o Banco Central e o Ministério da Fazenda atuem em harmonia.


Já tinha alertado aqui para o tom (desagradável) de ameaça utilizado pelo presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, quando se dirige à presidente Dilma Rousseff, principalmente na questão do aumento do salário mínimo, que o governo estimou em R$ 545, e as centrais defendem R$ 580 (assim como nós, do PTB, pleiteamos). Ontem, os jornais reproduziram mais uma vez a intimidação: "Se Dilma ficar ouvindo seus burocratas, vai ter muito trabalho conosco". Com relação à não-correção da tabela do IR pelo governo (uma demanda justa, diga-se), o estilo foi o mesmo: "O FHC começou assim. Não corrigiu a tabela. Foi o primeiro erro dele. Ninguém está botando a faca no pescoço, mas espero que esta seja a última manifestação", advertiu o presidente da Força.

Apesar do maljeito de Paulinho, a estratégia funcionou, mas pela metade. Lemos hoje nos jornais que o barulho provocado pela central - inclusive nas ruas, apesar do fraco quórum de 500 pessoas - foi ouvido no Palácio do Planalto. Contudo, ao contrário do que desejaria Paulinho, Dilma não o receberá em seu gabinete. Ele será acolhido pelo secretário-geral da Presidência, o petista Gilberto Carvalho, assim como qualquer movimento social.

Pelo visto, sem Lula, a carruagem de Cinderela do sindicalismo virou abóbora.


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