"Desfrute da viagem da vida. Você só tem uma oportunidade, tire dela o maior proveito."

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Lulinha faz troça das notícias: ‘Me coloquem no BBB’



O ex-chanceler Celso Amorim invocou o "interesse do país" para prover passaportes diplomáticos a dois filhos de Lula.

Com isso, o Itamaraty criou um novo conceito de interesse nacional. Além do teor político e administrativo, adquiriu uma carga familiar.

Privilégios diplomáticos a filhos de ex-governantes não é coisa republicana. É coisa de monarcas.

Quando os filhos do ex-soberano não se enquadram nas regras que disciplinam a emissão dos passaportes, a coisa evolui para a monarquia absolutista.

Luiz Cláudio Lula da Silva, 25, caçula do ex-imperador e um dos beneficiários do privilégio não parece incomodado com a súbita notoriedade.

Ao contrário, Lulinha diverte-se com a própria fama. Escolheu a web como palco de seu deleite. Ele borrifou no twitter notas sobre o tema.

Comunica-se com a rede a partir do Forte dos Andradas, a instalação do Exército que Lula escolheu para transferir à Viúva a conta das férias da ex-primeira-família.

Apurada pelo repórter Matheus Leitão e veiculada na Folha, a novidade dos passaportes especiais ecoou no telejornal que sucede a novela.

Numa das notas que pendurou no microblog, Lulinha saboreou: “É isso aí.. Pelo jeito esse ano vou trabalhar no Jornal Nacional!”

A presença no departamento de telejornalismo não parece satisfazê-lo. Ambicona o núcleo de entretenimento: ‘...Podiam me colocar no BBB’.

Uma internauta que segue o filho de Lula no twitter provocou-o: “Lulinha pode ter passaporte diplomático, mas o que pega [mal] é ser europeu”.

Em timbre sarcástico, Lulinha respondeu com uma indagação: “Serve ter nacionalidade italiana?”

À época em que o marido ainda reinava, Marisa Letícia invocou as origens familiares para obter –para si e para os filhos— o reconhecimento da cidadania italiana.

Se quiser levar a diversão às últimas consequências, Lulinha pode emendar as férias na praia que costeia o forte do Guarujá numa viagem a Roma.

A dupla cidadania e, sobretudo, o passaporte diplomático lhe asseguram tratamento diferenciado na alfândega.

Nas ruas de sua segunda pátria, talvez precise ocultar o nome do pai. A negativa à extradição de Cesare Battisti fez de Lula persona non grata na Itália.

Ainda assim, Lulinha pode aproveitar a viagem para analisar as similaridades entre o sistema político brasileiro e o italiano.

A república, como se sabe, pode ser presidencialista (caso dos EUA), parlamentarista (caso da Itália) ou uma mistura das duas coisas (caso do Brasil).

O Brasil jura que é presidencialista. Mas a Constituição de 88, escrita para um parlamentatismo que o plebiscito sonegou, produziu um país híbrido.

Com algum esforço, Lulinha perceberá que há um traço comum a todas as repúblicas: a saudade da monarquia.

Quem obtém algum destaque no comando de uma república como a brasileira obtém alta popularidade e acaba assumindo ares de rei.

Renovado, o passaporte diplomático de Lulinha só vale por quatro anos, o mesmo prazo de validade do governo Dilma Rousseff.

É verdade que, mesmo numa falsa república, o pequeno grupo palaceano que (des)manda em tudo é mudado periodicamente –exceto pelo PMDB, que continua.

Mas Lulinha pode continuar se divertindo. Dilma é vista como mera transição entre a felicidade suprema de Lula e a volta da felicidade, em 2014.

De resto, o ex-monarca já avisou que, depois de “desencarnar”, continuará na política. Entre os objetivos que se autoimpôs está a reforma política.

Sem oposição, Lula pode negociar com os partidos a conversão da reinado disfarçado em monarquia real.

Por que diabos o Brasil deveria impor a si e a Lulinha limites à felicidade?


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