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quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Herança sindicalista desafia Dilma

O Globo (Editorial)

Jamais qualquer petista admitirá existir alguma “herança maldita” deixada para Dilma Rousseff. Muito menos, por óbvio, a presidente, ministra de Lula desde o primeiro mandato, grata por tudo que o ex-presidente fez para elegê-la, desde o momento em que decidiu colocá-la no cargo-chave à frente da Casa Civil, na parte final do primeiro mandato.

Mas, por sobre a vontade política e sentimentos humanos, há fatos, existe a História. Queiram ou não, contingências da administração anterior, vividas inclusive pela presidente, fizeram com que desabasse sobre os ombros de Dilma Rousseff uma série de pesados problemas gerados nos últimos oito anos.

O mais evidente deles é o excessivo e imprevidente aquecimento da economia, causa do atual surto inflacionário e motor da ampliação do déficit externo.

Já a inflação não dá alternativa ao BC a não ser o aumento dos juros, os quais, por sua vez, atraem mais divisas, valorizam ainda mais o real, e instalam um círculo infernal a ser cortado por uma eficaz e séria — como as circunstâncias requerem — política fiscal restritiva, anunciada mas ainda não explicada.

Ao apertar o acelerador do crescimento com a clara intenção de ganhar as eleições de 2010, o governo passado deixou uma sobre os preços a ser debelada.

Nesta imprescindível ação anti-inflacionária, o governo Dilma entra em colisão com outra das heranças que o espreitano Planalto no dia 1: o aparato corporativo sindical, nos últimos tempos cevado por muito dinheiro público e sócio privilegiado do poder.

A ele foram dadas as chaves do Ministério do Trabalho, incluindo as do cofre. A corporação sindical terminou presenteada com alguns milhões adicionais do imposto sindical, com o reconhecimento das centrais pelo Estado.


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