"Desfrute da viagem da vida. Você só tem uma oportunidade, tire dela o maior proveito."

domingo, 16 de maio de 2010

Lula vai deixar dívida recorde para sucessor


Importante indicador da saúde fiscal de qualquer país, a dívida bruta – que é a dívida total do setor público – pode chegar a 64,4% do PIB no fim de 2010, o maior patamar em dez anos.

'O Globo' - Reportagem de Regina Alvarez

A herança do governo Lula para seu sucessor foi turbinada pelas operações batizadas de “empréstimos” que o Tesouro vem realizando com o BNDES desde o ano passado, por meio da emissão de títulos públicos.

A projeção de que a dívida pode alcançar o montante recorde de R$ 2,2 trilhões em dezembro (ou 64,4% do PIB) é do economista Felipe Salto, da Consultoria Tendências, e já considera a emissão de R$ 80 bilhões em títulos do Tesouro para reforçar o caixa do BNDES.

Na semana passada, o Tesouro concluiu a emissão desses papéis, que, somados, engordam a dívida bruta em R$ 180 bilhões. A primeira parcela de R$ 100 bilhões foi repassada ao BNDES em 2009, contribuindo de forma substantiva para o crescimento da dívida em cinco pontos percentuais do PIB, em relação ao ano anterior. Passou de 57,9% para 62,8% do PIB.

O crescimento robusto da dívida bruta – decorrente do aumento da dívida interna, já que a externa corresponde a apenas 3,4% do PIB – é visto com preocupação por muitos analistas. É um fator de risco futuro, em especial depois que a crise na zona do euro colocou em evidência a saúde fiscal dos governos. O que está em jogo, no caso do Brasil, é a credibilidade conquistada a duras penas nos últimos anos junto ao mercado internacional.

A crise global de 2009 abriu espaço para uma mudança radical de postura do governo do PT em relação às contas públicas. O acúmulo de superavits, que serviam para reduzir a dívida em relação ao PIB, foi substituído por uma combinação de aumento dos gastos com expansão do crédito por meio do crescimento da dívida pública.