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terça-feira, 18 de maio de 2010

Serra: ‘Logo a coisa vai mudar. E vamos desempatar’

Em visita a Fortaleza, José Serra concedeu entrevista à Rádio Verdes Mares AM.


Pela primeira vez, o presidenciável tucano permitiu-se comentar os resultados das duas últimas pesquisas eleitoreais –Vox Populi e Sensus.

Ambas anotaram um empate técnico entre Serra e Dilma Rousseff. Com uma novidade: a candidata do PT aparece numericamente à frente do rival.

Primeiro, Serra recorreu ao clichê: pesquisa é uma “fotografia variável”. Depois, afirmou que a campanha ainda não começou de fato.

“Só vai começar mesmo”, disse ele, “depois da Copa do Mundo”. Por último, Serra despejou otimismo sobre o microfone.

Recordou: “Já estive à frente”. E arrematou: “Logo a coisa vai mudar. Vamos desempatar. A pesquisa mesmo é da do voto, na urna”. Disse que o nome de seu vice sai em junho.

Perguntou-se ao candidato se o Brasil melhorou sob Lula. E ele: “Melhorou, mas pode melhorar mais, se a gente souber trabalhar...”

“...Tem coisas que a gente não podem mais ficar pra trás, como é o caso da Saúde, da segurança, da educação, inclusive a educação profissional...

São coisas que ...”estão ficando pra trás no Brasil. A segurança é um problema grave, a saúde está cada vez mais insatisfatória para a população...”

“...E a educação faz, faz, faz... A qualidade não melhora no seu conjunto”.

Elogiou as duas principais adversárias, Marina Silva (PV) e Dilma Rousseff (PT). Mas fez, em relação à segunda, uma distinção.

Insinuou que Dilma, por inexperiente, governaria escorada em Lula caso fosse eleita. Em timbre provocativo, disse que o eleito terá de governar sem muletas.

“Ninguém vai governar por ele. E Lula não vai ser mais candidato”, disse.

Mencionou problemas que cuja resolução considera “crucial” para o país. Entre eles o fisiologismo.

“Não [tem que] ficar loteando, dividindo o governo entre partidos e deputados. Essa área é minha, essa área é sua...”

“...Tem que comandar, quem trabalha lá tem que obedecer ao governador, ao prefeito e ao presidente...”

“...Não pode ser uma coisa toda loteada, dividida, como se fosse propriedade privada. Isso tá muito errado”.

Achegou-se ao senador Tasso Jereissati (PSDB-CE). Um personagem que, na eleição presidencial de 2002, lhe fora infiel, apoiando a candidatura de Ciro Gomes.

Serra disse que Tasso, que governou o Ceará por três mandatos, é a liderança mais próxima a ele no Estado. Recobriu o neo-aliado de elogios.

“Não tem nenhuma obra grande, pronta, entregue no Ceará que não tenha a mão do Tasso, em algum momento. Ele é um homem, também, que sabe fazer acontecer”.

Em contraposição à fama de antinordestino que o persegue, Serra lembrou que, como ministro de FHC, destinou verbas ao Ceará. Citou obras e projetos.

Disse que, eleito, pretende dar continuidade a obras iniciadas sob Lula, seja qual for o governador eleito. Mencionou a Transnordestina e a transposição do São Francisco.

Repisou uma tecla que frequenta todas as suas entrevistas: o Bolsa Família. Disse, de novo, que vai manter, “ampliar e aperfeiçoar” o programa:

“Se você chegar pra uma família que vive do Bolsa Família e perguntar pro pai e pra mãe o que eles querem, sabe o que eles vão te dizer?...”

“...Quero o futuro dos meus filhos, quero que eles tenham oportunidade na vida. E pra isso você precisa ter um ensino bom até o fundamental...”

“...E dar ensino profissionalizante, que foi o que eu mais fiz no Estado de São Paulo”.

De olho no eleitorado fiel a Ciro Gomes (PSB), o presidenciável que Lula e o PT manobraram para retirar da disputa, Serra elogiou o desafeto.

“Não tenho nada contra Ciro Gomes, é uma pessoa honesta, trabalhadora. Ele só me constrange um pouco”.

Em verdade, Ciro o constrange muito. Chama-o de “o coiso”. Acusa-o de, em conluio com a mídia paulista, fazer política com “golpes baixos” sob a mesa.

Ex-tucano, Ciro sustenta que, na fase de elaboração do Plano Real, ainda na gestão Itamar Franco, Serra foi contra o plano.

Serra é autor de processos judiciais contra Ciro. Num deles, chegou a obter sentença que resultou no bloqueio dos vencimentos do arquiinimigo.

São diferenças que, numa eleição, não convém recordar.

Na véspera, primeiro dia da incursão de Serra no Ceará, Tasso dissera que pelo menos 70% dos votos cearenses de Ciro devem migrar para Serra.

É coisa que as urnas vão dizer. Por ora, melhor não bulir no baú das controvérsias.

Resta saber o que dirá Ciro, sumido desde que o PSB passou a candidatura dele na lâmina.