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terça-feira, 6 de abril de 2010

Dilma apela para o discurso do medo

Comentário de Ricardo Noblat

Garotinho, ex-governador do Rio, e Dilma. Foto: Givaldo Barbosa / O Globo

Enquanto o ex-governador José Serra ainda evita falar abertamente como candidato do PSDB a presidente da República, a ex-ministra Dilma Rousseff fala - e com desenvoltura - como candidata do PT e de uma dezena de partidos.

Por ora, seu discurso enfatiza dois pontos: a herdeira de Lula é ela. A oposição é anti-Lula.

Em campanha, não importa se é verdade, meia verdade ou mentira o que o candidato diz. Ele quer mais é se eleger. E se vale de todos os recursos para isso.

Pode ser desmoralizado por uma mentira que diga. Mas se a mentira se parece com uma verdade ou com uma meia verdade, tudo bem.

A oposição que Serra faz ao governo não pode ser taxada de anti-Lula. Até aqui não se ouviu uma crítica direta de Serra a Lula.

Não importa. Dilma não pode deixar que ganhe força a idéia de que também Serra daria continuidade ao governo Lula. Assim como Lula deu continuidade ao governo de Fernando Henrique Cardoso.

Apela para o medo: "olha, se meu adversário for eleito, ele acabará com tudo de bom feito por Lula."

Dilma sabe que isso não é verdade. Mas quem sabe não cola?

Dilma sabe que o apagão de energia não foi gestado na época em que Serra era ministro do Planejamento de Fernando Henrique. Ele era ministro da Saúde quando houve o apagão.

Também não importa. Os brasileiros menos informados - a maioria, por sinal - pode engolir a história.

Algo como 53% dos eleitores ainda não sabem que a candidata de Lula é Dilma. Para esses, ela diz: Se for eleita, sempre consultarei o presidente Lula quando tiver que tomar decisões importantes.

Verdade ou mentira?

Quem sabe é ela.

Mas a confissão de dependência, sujeição ou subalternidade a Lula reforça sua identidade com ele.

O que está em jogo, e Dilma tem clareza disso, é o terceiro mandato para Lula.

A Constituição impede duas reeleições seguidas.

Então Lula escolheu à perfeição um candidato que só será capaz de vencer se a maioria dos brasileiros atender ao seu apelo: votem nele que será a mesma coisa que votar em mim.

Isso é de uma arrogância sem par. Mas e daí?

Lula acha que pode se dar a esse luxo.

Seu cálculo é simples: uma possível vitória de Dilma lhe será integralmente atribuída. Uma eventual derrota será atribuída a Dilma.

Porque embora apoiada pelo presidente mais popular da História ela foi incapaz de vencer.

Lula ganha se Dilma for eleita e não perde se ela for derrotada.

Convenhamos: é o melhor dos mundos para ele.




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