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terça-feira, 20 de abril de 2010

PSDB traça estratégia para disputa sem Ciro




Para o comando da pré-campanha de José Serra (PSDB) à Presidência, Ciro Gomes (PSB) não estará na disputa pelo Planalto. Por um lado, isso aumenta a possibilidade de decisão da eleição já no primeiro turno. Por outro, o partido tenta costurar um acordo com o atual deputado federal: silêncio respeitoso de ambas as partes em troca do apoio tucano à reeleição de Cid Gomes (PSB), irmão de Ciro, ao governo do Ceará.

Em encontro na última segunda-feira com representantes do PSDB cearense, realizado em um hotel em Fortaleza, coube ao senador Tasso Jereissati a missão de acalmar o ânimo do partido localmente e dar o recado de que os tucanos não têm um nome competitivo para disputar o governo local.

“Temos nomes qualificados intelectualmente, mas não eleitoralmente”, disse o senador. Ele pediu unidade ao partido e afirmou que a melhor alternativa seria apoiar um candidato já estabelecido, em troca da concessão da vaga ao Senado na chapa. Tasso disse que o partido havia encomendado uma pesquisa local, cujo resultado demonstrou não haver candidato viável. Não quis informar quais foram os nomes testados pelo PSDB, mas fez questão de ressaltar que não submeteu seu nome ao escrutínio dos eleitores. Afirmou e reafirmou que não era candidato ao governo, mas a mais oito anos no Senado.

Tasso tenta aproximar o PSDB do PSB de Cid Gomes, mesmo que, com isso, haja uma composição de forças inusitadas. Os socialistas devem formar uma chapa em que Humberto Costa (PT), ex-ministro da Saúde do governo Lula, seja um dos candidatos ao Senado. Evitar criar constrangimentos que dificultassem a composição do palanque cearense foi uma das razões para o fato de Ciro Gomes ter trocado de domicílio eleitoral no ano passado, deixando de ter direito a votar e a ser votado no Ceará e fixando residência em São Paulo.

A alteração também teria sido um pedido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), para que Ciro pudesse ter uma porta de saída caso desistisse de disputar a Presidência, seu desejo confesso. Poderia ser candidato a governador, com o apoio do PT. O Partido dos Trabalhadores, porém, já anunciou que irá disputar o governo com Aloizio Mercadante e o Senado com Marta Suplicy, deixando pouco espaço para uma candidatura Ciro. A distância aumentou quando Ciro deu uma entrevista ao jornal “Folha de S.Paulo” com duras críticas ao PT local.

Um dos alvos preferidos de Ciro Gomes é o ex-governador de São Paulo José Serra. Ambos participaram do início do PSDB. Ciro chegou a ser ministro da Fazenda no início do Plano Real, em 1994. Depois, entrou em conflito com Fernando Henrique Cardoso e com Serra e deixou o partido. Na eleição de 2002, disputaram uma vaga ao segundo turno contra Lula. Serra passou, deixando Ciro para trás, que deu apoio a Lula. Vitorioso, o petista integrou Ciro ao seu ministério.

Nesta terça, o presidente nacional do PSB e governador de Pernambuco, Eduardo Campos, deve se encontrar com Ciro em Brasília e iniciar os entendimentos para anunciar que o partido não terá candidato próprio a presidente, preferindo apoiar Dilma Rousseff (PT). A decisão deverá ser referendada em encontro da executiva do partido, no próximo dia 27. O PSB tenta encontrar uma saída honrosa para Ciro, mas não sabe qual. Ciente disso, o PSDB busca se aproximar de Ciro.

Quer contar com o apoio dele no Ceará e evitar que o deputado dispare críticas contra Serra na disputa eleitoral. Como gesto de boa vontade, os tucanos até sinalizaram a possibilidade de oferecer apoio a um vôo de Ciro em São Paulo, fosse ao Senado ou novamente a Câmara. Ouviu uma resposta negativa. O PSB de São Paulo ou deve lançar candidato próprio ao governo e ao Senado _respectivamente Paulo Skaff e Gabriel Chalita_ ou pode compor com o PT. Mas Ciro agradeceu o gesto.

No Ceará, Ciro e Tasso devem refazer a dobradinha política de tantos anos. “Ele (Ciro) foi tratado pelo governo e pelo PT de maneira cruel. Sua candidatura foi esvaziada e desidratada de maneira perversa”, declarou Tasso. O tucano complementou: “No Ceará, se não for votar em Ciro, vote em Serra”.

Para tucanos, a ausência de Ciro na disputa aumenta a possibilidade de uma decisão em primeiro turno. De acordo com o último Datafolha, Serra tinha 42%, Dilma 30% e Marina Silva (PV) 12% em um cenário sem a participação do candidato do PSB. Ganha a eleição em primeiro turno quem tiver a maioria simples dos votos válidos.

Tucanos querem ainda que Aécio Neves use suas boas relações com Ciro para convencê-lo a não fazer campanha por Dilma e evitar ataques a Serra. A interlocutores políticos, Ciro teria dito que, uma vez alijado da disputa presidencial, iria ficar no Rio e em São Paulo e evitar participar ativamente do processo eleitoral.

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