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sexta-feira, 9 de abril de 2010

O que deu em Lula?

Comentário de  Ricardo Noblat

O que deu em Sua Excelência, o presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva?

Pirou?

Improvável.

Deixou-se empolgar pelo ambiente que lhe era amplamente favorável?

Pode ser - embora um líder experiente como ele não costume cometer erros típicos de um amador.

O que preocupa Sua Excelência a ponto de ele ter dito o que disse ontem à noite durante o evento promovido pelo PC do B para marcar sua adesão à candidatura de Dilma Rousseff a presidente?

Mais uma vez ele desafiou a Justiça depois de ter sido punido duas vezes por fazer propaganda antecipada da candidatura de Dilma.

Novamente pediu votos para Dilma. E com tal convicção e exagero que extrapolou. Disse a certa altura:

- Hoje não tem ninguém mais preparado do ponto de vista técnico para governar este país do que esta senhora Dilma Rousseff, futura presidenta deste país.

Foi além - e ao ir deixou de ser convincente. Passou a impressão de estar apelando:

- Vocês vão fazer campanha para uma mulher cuja história é motivo de orgulho. Se eu conhecesse ela (sic) antes de ser candidato, eu não seria (candidato), porque teria indicado ela (sic).

Quem é capaz de acreditar que Lula teria abdicado há oito anos da própria candidatura em favor da candidatura de Dilma se a conhecesse naquela época?

Desde 1989 quando foi candidato a presidente pela primeira vez, Lula jamais deu brecha para que prosperassem outras candidaturas dentro do PT.

Foi assim até em 1998 quando ele sabia com bastante antecedência que a derrota era certa.

O trecho mais desparatado da fala presidencial foi aquele onde Lula afirmou, exaltado:

- Quando eu estiver fora (do governo), vou ter força para evitar que se faça com a Dilma o que fizeram comigo em 2005 (aparentemente, ele falava da investigação do mensalão do PT). Vou gritar mais, vou ter mais liberdade. Não vou ser instituição. Vou arregaçar as mangas para fazer a reforma política, porque não podemos ficar subordinados ao que um juiz diz que podemos ou não fazer. Vou poder gritar mais, perturbar mais.

Como ex-presidente vai o quê?

Gritar mais? Pertubar mais?

Arregaçar as mangas para fazer a reforma política?

Não é comportamento que se espera de um ex-presidente - gritar, perturbar mais.

Teve oito anos para negociar com os partidos a reforma política - por que não o fez?

Outro dia, Lula admitiu que fora da presidência, e uma vez Dilma eleita, ele continuará influenciando as decisões do governo.

Sabujamente, outro dia Dilma também admitiu que caso se eleja consultará Lula sobre assuntos importantes.

Há líderes do PT aflitos com o fraco desempenho incial de Dilma como candidata. Sem Lula ao seu lado, ela claudica, derrapa, diz bobagens.

De outra parte, a poderosa sombra de Lula poder levar o eleitor a concluir que Dilma não passa de uma marionete dele.

Para dizer o que tem dito, para proceder como tem procedido, Lula deve estar enxergando coisas que escapam aos mortais comuns.



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