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terça-feira, 13 de outubro de 2009

Governo esconde números para enganar melhor

Meta de desmatamento

O Brasil tem que falar a sério sobre desmatamento e redução de emissões e estabelecimento de metas. Hoje por exemplo estão reunidos o presidente Lula, o ministro Carlos Minc e a ministra Dilma para discutir o assunto. Eles sairão de lá batendo no peito e dizendo que o Brasil vai reduzir em 80% o desmatamento. Legal.

Falta apenas uma questão básica e definitiva: 80% em relação a que? Em relação ao pico do desmatamento que chegou a 27 mil KM2 em 2004? Ou em relação ao último número que ficou em torno de 12 mil km2? A diferença é brutal. Por que se 80% em relação ao pico, significa que já cortamos 55% no período da ministra Marina Silva no Ministério. E é uma forma de enganar o interlocutor desavisado, porque o pico de 2004 foi um ponto fora da curva.

No governo Fernando Henrique chegou ao máximo de 29 mil km2 e depois caiu até 13 mil. Voltou a subir e caiu de novo. Por isso é preciso mais seriedade com os números e se comprometer com uma queda baseada numa média histórica que pegue picos e vales. Por que se pegarmos uma média dos piores momentos, é óbvio que fica fácil atingir a marca. Fica parecendo um grande feito e é deixar tudo como está.

O Brasil usa dados velhos de propósito. O balanço das nossas emissões é de 1994. Já lá se vão 15 anos. Existem dados mais recentes, mas o Ministério da Ciência e Tecnologia não quer divulgar. É o único ministério do mundo de ciência que é contra divulgação de dados. Normalmente a ciência é a favor da informação.

Por isso quando o Brasil promete metas grandes de redução das emissões e do desmatamento, o que os jornalistas precisam é perguntar com que base se trabalha. Queda em relação a que? O truque do governo está em esconder uma parte dos números. São números divulgados para enganar.

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